Um grupo de 90 conselheiros do Corinthians protocolou nesta segunda-feira, no Parque São Jorge, um pedido de impeachment contra o presidente do clube, Augusto Melo. O requerimento foi entregue ao presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr.
Segundo informações do ge, o grupo, composto por membros de diversas correntes políticas do clube, se descreve como “apartidário” e baseia o pedido de destituição de Melo em artigos do estatuto do Corinthians, na Lei Geral do Esporte e na Lei 9.613 de 1998.
Entre os signatários, destacam-se figuras importantes da política corintiana, como o ex-presidente Mário Gobbi, que liderou o clube entre 2012 e 2015. Gobbi falou sobre a iniciativa, destacando a necessidade de união em prol do bem maior do Corinthians.
“O movimento Reconstrução nada mais é do que uma ação apartidária que reúne conselheiros independentes de diversos grupos. Embora tenhamos opiniões diferentes sobre vários temas, sabemos que agora é o momento de deixar essas diferenças de lado e focar no bem maior, que é o Corinthians”, afirmou Gobbi, porta-voz do grupo.
“O Corinthians está no limite. Não suporta mais todo esse desmando, confusão e falta de gestão. Precisamos organizá-lo o quanto antes, para que o clube pare de sangrar e nosso time possa reagir no campo, saindo dessa situação preocupante no Campeonato Brasileiro”, ressaltou Gobbi, conselheiro vitalício e ex-presidente do clube.
O pedido de impeachment tem como foco principal a controvérsia em torno do contrato de patrocínio com a VaideBet, rompido em junho por iniciativa da casa de apostas. O documento cita depoimentos de Rubens Gomes, ex-diretor de futebol, e de Alex Cassundé, sócio da empresa intermediária, à Polícia Civil. Cassundé revelou que, apesar de não ter cobrado pela intermediação, o pagamento de uma comissão foi confirmado pouco antes da assinatura do contrato entre Corinthians e VaideBet.
O grupo questiona a legitimidade do comissionamento, argumentando que a simples indicação de uma empresa por uma ferramenta de inteligência artificial não deveria ser suficiente para configurar um pagamento por intermediação. “Entendemos que não houve uma efetiva aproximação entre as partes para a concretização do negócio, mas apenas uma referência que o Corinthians poderia utilizar”, diz trecho do documento.
🚨 | Um grupo de 90 conselheiros do Corinthians protocolou um requerimento pedindo a abertura do processo de impeachment contra o presidente do Timão, Augusto Melo. O documento foi endereçado ao presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr.
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— SCCP News (@_sccpnews) August 26, 2024
Além disso, o pedido de impeachment menciona o depoimento de Armando Mendonça, segundo vice-presidente do clube, que acusa Augusto Melo de omissão no caso da intermediação. Mendonça relatou que alertou Melo sobre suspeitas de uso de laranjas por parte da agência de Alex Cassundé, que recebeu R$ 1,4 milhão pela intermediação. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
Outro incidente citado no documento ocorreu em Belo Horizonte, onde Augusto Melo se envolveu em uma confusão com um torcedor do Cruzeiro, que acabou registrando uma queixa contra o dirigente na delegacia do estádio Mineirão. “O cargo de Presidente do Corinthians não dá o direito a quem quer que seja de fazer justiça com as próprias mãos, principalmente diante de insultos ou gozações”, criticaram os conselheiros no requerimento.
De acordo com o estatuto do clube, Romeu Tuma Jr. tem cinco dias para encaminhar o pedido de impeachment à Comissão de Ética do Corinthians, que dará prosseguimento ao processo. Caso avance, Augusto Melo terá a oportunidade de se defender das acusações, e sua destituição dependerá de votação em sessão extraordinária do Conselho Deliberativo. Mesmo que o Conselho aprove o impeachment, a decisão final caberá aos sócios do clube.