A insatisfação crescente da torcida do Coritiba com a gestão da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) foi evidenciada durante a participação do empresário Roberto Justus no podcast Inteligência Ltda. Sócio e conselheiro da Treecorp — empresa que detém 90% das ações do clube — Justus enfrentou uma enxurrada de críticas ao vivo, com torcedores manifestando descontentamento com a atual situação do clube e cobrando melhores resultados em campo.
Diante das críticas, Justus declarou que não interfere nas decisões cotidianas do clube. “Eu não tenho nada a ver com essa administração, não tenho ingerência no dia a dia. A hora que virar o jogo, a hora que esse clube começar a dar alegria, o meu genro e toda a turma vão virar deuses, e as pessoas vão se arrepender de ter crucificado antes do tempo”, afirmou o empresário, referindo-se ao genro Bruno Levi D’Ancona, sócio-diretor da Treecorp e responsável direto pela SAF do Coritiba.
A fala de Justus, no entanto, contrasta com declarações anteriores. Em julho de 2023, o empresário havia mencionado, em entrevista à TV Coxa, que também participava das decisões: “Eu também faço parte, dou meus pitacos. Tenho dado bastante opinião, mas está nas mãos de gente muito competente”.
Apesar das críticas, Justus defendeu o trabalho da Treecorp no Coritiba, mesmo sob forte pressão da torcida. “A nossa empresa é muito competente, diferente do que os torcedores acham. A Treecorp pegou um clube falido, com recuperação judicial, transformou esse clube. Não tem nem um ano que a gente está lá. Eu ia até participar do conselho, mas não estou, não tenho tempo. A empresa foi um pouco injustiçada pela torcida. Liquidamos a dívida do clube”, pontuou Justus.
Roberto Justus agora no Podcast @InteligenciaLta falando do Coritiba depois da chuva de comentários da torcida Coxa Branca. pic.twitter.com/9h2ANuuX9l
— MonKey SeRelepe (@Monkey_Serelepe) August 12, 2024
Planejamento e contratações
Um dos principais pontos de insatisfação dos torcedores é a gestão das contratações pela SAF. No ano passado, o Coritiba investiu em jogadores de alto custo que não corresponderam às expectativas, como Samaris, Slimani e Jesé. Na temporada atual, o clube apostou em nomes como David da Hora, adquirido por R$ 4 milhões junto ao Fortaleza, mas que acabou sendo emprestado ao Juventude.
“A empresa não tem ainda condição. Algumas contratações realmente não foram boas, alguns profissionais que passaram não foram os melhores. A gente exige demais. As dificuldades existem. Empresarialmente, as decisões foram muito boas. O clube está equilibrado financeiramente”, justificou Justus.
O empresário também destacou o plano da Treecorp, que prevê a liquidação das dívidas do Coritiba e um investimento de R$ 1,1 bilhão ao longo de dez anos. O projeto inclui a reforma do estádio Couto Pereira e a construção de um novo centro de treinamento em Campina Grande do Sul. “Tem um planejamento e projeto sólido por trás. Tentamos alguns CEOs, a gente acerta uma, erra outra. Agora veio uma turma boa. Eu acho que os resultados vão vir. É muito cedo para crucificar alguém que está fazendo uma gestão exemplar”, completou Justus.
Projeto SAF e futuro do Coritiba
A Treecorp adquiriu 90% da SAF do Coritiba em agosto do ano passado, com o compromisso de investir R$ 1,1 bilhão em dez anos. A empresa, sediada em São Paulo e liderada por três sócios-diretores — Filipe Lomonaco, Bruno D’Ancona e Danilo Soares —, atua no mercado de private equity, investindo em empresas consolidadas com potencial de crescimento. Esta é a primeira vez que uma empresa desse segmento se envolve na compra de um clube de futebol no Brasil. Roberto Justus, além de sócio minoritário, participa do conselho consultivo da Treecorp.