O surfista Marcelo Luna, de 38 anos, é especialista em ondas gigantes. Quem ouve essa frase mal imagina que a primeira vez que ele pegou em uma prancha não sabia nadar. Nascido em São Bernardo do Campo, em São Paulo, Luna enfrentou muitos desafios até se tornar surfista profissional: desde problemas financeiros até vício em álcool e drogas quando criança.
No entanto, ele não se rendeu e, assim que subiu em uma prancha, largou as drogas: “O esporte me deu um norte e uma perspectiva de vida diferentes da minha realidade naquela época. Foi instantâneo para mim, eu não tive dificuldade nenhuma de largar as drogas. Quando eu saí do mar, no primeiro dia, eu rasguei o maço de cigarro e parei de fumar e de beber”.
Marcelo conta toda a sua história no livro “Uma onda gigante: a história de superação do surfista Marcelo Luna”, uma autobiografia onde conta com todos os detalhes a sua história. Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, Luna falou sobre o lançamento do livro, mas também suas motivações e conquistas no surfe.
De São Bernardo à Nazaré
“Eu surfo ondas gigantes porque sou apaixonado pelo mar, pela onda, por toda aquela condição estratosférica de difícil, a dimensão perigosa de uma onda de mais de 20 metros quebrando em cima de você. Eu descobri isso quando vi uma imagem da onda de Nazaré pela primeira vez em um vídeo no youtube, depois de ter tentado ser surfista profissional duas vezes já, e eu senti meu coração batendo mais rápido. Eu vendi tudo que eu tinha e pensei “é isso”, contou Marcelo.
Desde que começou a surfar ondas gigantes, Luna coleciona conquistas proporcionadas pelo seu amor pelo mar: três Big Wave Awards, o Oscar do surfe, um projeto social intitulado “Meu Mundo, Meu Sonho”, que tem o objetivo de ajudar crianças e adolescentes, além de ser condecorado no Surfer Wall de Nazaré e ser o primeiro surfista contratado na história do Corinthians, o seu time do coração.
“Eu estou feliz porque estou trazendo oportunidade para o esporte, para os próximos. Eu estou feliz para caramba, eu sou Corinthians, mas além disso eu estou abrindo um precedente gigantesco para o esporte. Eu acho que vai trazer uma visibilidade muito maior e os outros clubes devem abrir os olhos e começar a fomentar o esporte, porque nosso país é carente disso. Não é só um esporte que tem no país”, desabafou Marcelo ao ser questionado sobre a contratação do time alvinegro.
“Meu mundo, meu sonho”
Abrir caminhos no esporte é a especialidade de Luna. Apesar de inúmeras conquistas dentro da água, surfar as ondas gigantes é a parte fácil para ele que acredita que o que acontece fora do mar é mais importante: “Eu nunca quis ficar focado só em competição, eu realmente queria fazer coisas que marcassem de fato a história do esporte. Eu nunca ganhei o Oscar, porque não me deram, e não ter ganho não fez de mim um não campeão, pelo contrário, eu fui considerado um dos maiores mesmo sem ganhar”.
Seu maior objetivo no esporte sempre foi ajudar e inspirar os outros: “Desde o início da carreira eu palestro contra as drogas para as crianças, minha carreira começou palestrando antes de surfar, eu não queria aparecer, eu não queria ser famoso, eu queria surfar minha onda. Hoje eu cheguei aonde eu queria na minha carreira que é ter a voz para falar dos assuntos que eu acho importante, principalmente no assuntos de prevenção com as crianças, eu sempre fui ativo, mas hoje eu tenho voz.”
Próximos passos
Mesmo com o seu projeto e já influenciando muitos jovens, Luna ainda quer criar um instituto físico chamado “Instituto Marcelo Luna” para receber crianças, além de um museu com acervos de toda a trajetória da sua carreira. Mais a curto prazo, e dentro do mar, o surfista está treinando para encarar a onda gigante de Teahupoo, no Taiti, considerada uma das ondas mais amadas e temidas do mundo. Além disso, Luna prometeu um desafio pessoal que ainda está em segredo mas segundo ele “é uma doideira e eu prometo que vai chocar o planeta”.
Confira a entrevista completa: