Com apenas 17 anos, a jovem arqueira indiana Sheetal Devi desponta como uma das grandes revelações nas Paralimpíadas de Paris 2024. O principal destaque é seu método único de atirar, utilizando as pernas, ombro e mandíbula, uma vez que ela não possui os dois braços. Atualmente, Devi lidera o ranking mundial na categoria feminina do Open Composto.
Originária de uma pequena vila em Jammu, Índia, Devi nasceu com uma condição rara chamada focomelia, que afeta o desenvolvimento dos ossos dos braços e pernas. Mesmo diante das dificuldades, ela encontrou no esporte uma maneira de se destacar. Aos 15 anos, teve seu primeiro contato com o tiro com arco e, desde então, vem ascendendo rapidamente na modalidade.
Desempenho de Sheetal no tiro com arco paralímpico
O arco utilizado por Devi é especialmente adaptado para suas necessidades, graças ao seu treinador, Vedwan. Este arco personalizado permite que ela levante o equipamento com a perna direita, puxe a corda com o ombro direito e dispare a flecha com a ajuda da mandíbula. Todo o equipamento foi desenvolvido a partir de materiais indianos, garantindo um design ergonômico e eficiente para a atleta.
Devi é a única arqueira de sua categoria que compete sentada, mas isso em nada diminui suas habilidades. No cenário internacional, sua técnica já foi amplamente reconhecida e premiada.
Quais foram as conquistas da arqueira Sheetal Devi?
Desde que começou competir, Sheetal Devi não demorou a se destacar. Em 2023, ela conquistou a medalha de ouro nos Jogos Para-Asiáticos de Hangzhou, além de uma prata no Campeonato Mundial Paralímpico de Tiro com Arco. Essas vitórias garantiram sua classificação para as Paralimpíadas de 2024 em Paris.
Durante sua estreia na fase de ranqueamento nestas Paralimpíadas, Devi alcançou sua melhor pontuação pessoal até o momento: 703 pontos de 720 possíveis. Este feito superou os antigos recordes mundial e paralímpico, estabelecendo um novo marco em sua carreira, embora a primeira posição tenha ficado com a turca Oznur Cure Girdi, que obteve 704 pontos.
Como funciona o tiro com arco paralímpico?
O tiro com arco nas Paralimpíadas mantém as mesmas regras do esporte olímpico. Os atletas têm como objetivo acertar suas flechas o mais próximo possível do centro de um alvo posicionado a 70 metros de distância. O alvo tem 1,22 metros de diâmetro e é dividido em dez círculos concêntricos, com pontuações variando de um ponto (círculo externo) a dez pontos (círculo central).
Essa modalidade é acessível a pessoas com diversas condições físicas, incluindo amputações, paraplegia, tetraplegia, paralisia cerebral e doenças progressivas. Além das competições individuais, há disputas por equipes, que exigem sincronia e cooperação entre os três arqueiros de cada time.
Outro arqueiro sem os braços que inspira vários atletas
No panorama masculino, destaca-se Matt Stutzman, dos Estados Unidos, conhecido como “The Armless Archer”. Companheiro de luta na categoria Open com arco composto, Matt já conquistou medalhas importantes, incluindo uma prata nas Paralimpíadas de Londres 2012 e um ouro no Campeonato Mundial de 2022.
Stutzman é famoso por motivar as pessoas com sua história. “Meu objetivo não é a fama, mas inspirar. As pessoas me veem e pensam: ‘Se ele pode, eu também posso’. Isso me incentiva a melhorar cada vez mais” disse ele em uma entrevista ao ge durante os Jogos Parapan-Americanos de Toronto em 2015.
O impacto do tiro com arco paralímpico para a arqueira Sheetal
Sheetal Devi não só quebra barreiras com suas habilidades técnicas, mas sua história de superação também inspira milhares de pessoas ao redor do mundo. Ela prova que, independente das limitações físicas, é possível se destacar e alcançar o alto desempenho no esporte.
Sem dúvida, a trajetória de Sheetal Devi nas Paralimpíadas é só o começo. Com seu talento, dedicação e espírito indomável, ela está destinada a continuar brilhando e inspirando muitos outros em sua jornada esportiva.