Com o fim da Olimpíada de Paris 2024, fica aquela saudade das duas semanas intensas de emoções proporcionadas pelos maiores atletas do mundo. Agora, a expectativa do Brasil se volta para a próxima edição, em Los Angeles 2028. Este será o primeiro ciclo olímpico completo em 16 anos, caso não ocorra nenhuma interrupção global como a pandemia.
Para o esporte brasileiro, os Jogos de Paris trouxeram uma dose de realidade. A ilusão criada em 2016 de que o Brasil se tornaria uma potência olímpica foi desfeita por um desempenho modesto em Tóquio. A pandemia de Covid-19 impactou significativamente esses jogos, prejudicando a preparação dos atletas e acelerando aposentadorias.
Desafios do esporte olímpico no Brasil
A representatividade do Brasil no quadro de medalhas ainda é limitada a esportes tradicionais como judô e vôlei, além das novas potências, como ginástica artística, surfe e skate. Esportes emblemáticos como natação e atletismo ainda decepcionam (por toda a grandiosidade que “perdemos”). Para ampliar essa representatividade, é essencial combater a falta de estrutura e investimento no esporte de base.
Os Jogos Olímpicos, transmitidos ao vivo na televisão e em plataformas de streaming, hipnotizam o público. No Brasil, a cobertura das Olimpíadas é marcada por um ufanismo exagerado e gritaria, que muitas vezes distorce a realidade do desempenho dos atletas. Este ambiente cria uma atmosfera de dramaticidade que gera audiência, mas não reflete a situação real do esporte brasileiro.
Como o Brasil pode melhorar no esporte olímpico?
O modelo atual de descoberta de atletas no Brasil começa nas escolas e passa pelos clubes sociais, até chegar às seleções estaduais e nacionais. Este sistema, porém, tem algumas lacunas. Falta uma pirâmide que sustente o esporte de alto rendimento, facilitando o acesso a uma variedade maior de esportes como política social.
- Mais investimentos em infraestruturas básicas, como quadras, ginásios e pistas de atletismo.
- Melhor formação e valorização dos professores de educação física.
- Programas de incentivo à prática esportiva desde a educação básica até universidades.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Península em 2024, com mais de três mil professores de educação física, revelou números alarmantes. Cerca de 95% dos professores apontaram a falta de condições adequadas nos espaços em que são ministradas aulas de educação física. Além disso, 80% disseram pagar do próprio bolso por material esportivo para as aulas.
A mudança no sistema pode melhorar os resultados
Para o Brasil alcançar resultados consistentes em futuros Jogos Olímpicos, é necessário um planejamento estratégico e investimentos sustentáveis. Priorizar o esporte na educação pública e criar programas que incentivem a prática esportiva desde cedo são passos fundamentais para construir uma pirâmide sólida que possa sustentar o esporte de alto desempenho.
Ao olhar para os modelos internacionais de sucesso, fica claro que o caminho para o Brasil envolve um compromisso crescente com o esporte desde a base. Com políticas públicas adequadas e investimentos contínuos, é possível transformar a paixão do povo brasileiro pelo esporte em resultados expressivos em competições internacionais.