Rebeca Andrade fez história na ginástica artística ao conquistar uma medalha de prata nesta quinta-feira, 29, nas Olimpíadas de Tóquio. Após ter uma grande atuação no individual geral e levar o vice-campeonato olímpico para o Brasil, a ginasta mandou um recado emocionante para todos que torceram por ela durante a competição.
“Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui. Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes. Dificuldade sempre teremos, mas temos que ser fortes suficientes para passar por dia“, afirmou.
Ela ainda seguiu: “Tive pessoas maravilhosas que me ajudaram a passar por esse processo, espero que vocês tenham pessoas incríveis para ajudar a chegar no topo assim como cheguei. Eu sou muito grata. Mando todo meu amor para todas as ginastas que passaram por aqui, que estão feliz com meu sucesso, estou muito grata mesmo“.
QUEM É REBECA ANDRADE?
Nesta quinta-feira, 29, a ginasta Rebeca Andrade levou uma alegria imensa para todos os brasileiros, em especial, os da ginástica artística, depois de se tornar medalhista olímpica, ficando com a prata na competição individual nas Olimpíadas.
A brasileira ganhou o coração de todos desde a primeira vez em que se apresentou no solo ao som de “Baile de Favela”, do MC João, e levou o funk para o mundo da ginástica artística, e agora para as Olimpíadas de Tóquio.
A conquista de Rebeca Andrade não foi apenas uma realização pessoal, coroando o trabalho intenso, e toda a jornada que a atleta teve, desde o início, para chegar em uma Olimpíada, e conquistar o pódio.
Levar a medalha de prata também foi histórico porque Rebeca conquistou a primeira medalha do Brasil na ginástica artística em Olimpíadas na história do país.
Dessa forma, para conhecer um pouco mais da brasileira que conquistou a todos, e ficou com o segundo lugar na competição individual, o SportBuzz te apresenta aqui, quem é Rebeca Andrade, a medalhista olímpica do Brasil na ginástica. Confira:
Onde tudo começou
Também sendo conhecida como “Daianinha de Guarulhos”, Rebeca Andrade deu seus primeiros passos na ginástica artística aos 4 anos de idade, em um projeto social chamado Iniciação Esportiva de Guarulhos, São Paulo, sendo incentivada principalmente pela mãe, Rosa Rodrigues.
Em outras entrevistas que concedeu durante a carreira de Rebeca, dona Rosa, que é mãe de outros sete filhos, já comentou sobre a dificuldade que foi manter a filha no esporte. No início, ela trabalha como doméstica, mas quando as coisas apertaram financeiramente, Rebeca teve que parar de praticar a ginástica.
No entanto, o que é para ser não jeito, acontece! Rebeca Andrade voltou para a ginástica artística e a partir daí sua carreira na modalidade só cresceu. Na época, a atleta pegava dois ônibus para chegar ao local dos treinos, ou então, caminhava por 2 horas.
Rebeca ficou, ao todo, por cinco anos treinando em um ginásio em Guarulhos, e seu esforço, da sua família, e dos treinadores, valeu muito a pena, já que a atleta conseguiu se classificar em três finais, incluindo o solo.
Encontrando dificuldades para ir aos treinos, Rebeca recebeu uma proposta da técnica Keli Kitaura para ficar em sua casa aos finais de semana. Diante da capacidade da atleta, a ginasta acabou recebendo um novo convite da treinadora, esse mais sério.
Keli propôs que Rebeca deixasse sua casa em Guarulhos, e fosse morar em Curitiba, para treinar em um importante centro da ginástica artística brasileira.
Mesmo com o sofrimento de estar longe de casa, e de sua mãe, com a vontade de voltar martelando a todo momento em sua cabeça, Rebeca recebeu muito apoio de dona Rosa, que acalmava a ginasta, e a incentivava a continuar buscando seu sonho.
Foi depois de tanta entrega que surgiu a oportunidade que mudaria de vez a vida da atleta, se mudar para o Rio de Janeiro e treinar na ginástica do Flamengo.
As lesões no joelho
Como nem tudo são flores, Rebeca Andrade teve que lidar com três cirurgias no joelho, que poderia ter tirado ela da ginástica para sempre, e ainda tão jovem.
Em 2014, a ginasta conseguiu sua classificação para as Olimpíadas da Juventude de Nanquim, mas precisou passar por uma cirurgia no pé. Mesmo desfalcando o Brasil, ela viu Flávia Saraiva, que acabou sendo sua substituta, ganhar três medalhas.
Em 2015, em sua competição de alto nível de rendimento, no Panamericano, realizado em Toronto, no Canadá, Rebeca rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito enquanto praticava um salto, e teve que passar por uma cirurgia.
Foram oito meses de recuperação, e longe dos treinos. Quando se recuperou, a ginasta não estava em seu físico ideal, mas iniciou sua caminhada para as Olimpíadas Rio 2016. No entanto, acabou ficando de fora da decisão do salto, e no individual geral terminou na nona colocação.
Já no ano seguinte, chegou como favorita no Mundial de Montreal, ainda mais que a estrela da ginástica, Simone Biles não participou do evento. Com tudo certo, o joelho voltou a atrapalhar, e ela sofreu uma lesão recidiva enquanto realizava um salto no aquecimento.
Passando por mais uma recuperação, ela disputou o Mundial de 2018, e em junho de 2019 começou sua preparação para o Mundial de Stuttgart, na Alemanha.
Porém, durante uma apresentação no solo do Campeonato Brasileiro, mais uma nova lesão no joelho. Essa foi mais dura, já que a vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio ficou ameaçada por conta de problemas físicos.
Baile de favela olímpico
Depois que a pandemia de coronavírus atrasou os planos das olimpíadas, Rebeca chegou com tudo para garantir sua vaga na competição mundial. Além de seu talento, o que chamou a atenção foi a alteração na música que ela se apresentaria no solo.
Trocando a música de Beyoncé, cantora que a ginasta é fã e usou na Rio 2016, pelo funk, com “Baile de Favela”, do MC João, Rebeca relembrou seus dias na periferia de Guarulhos, quando tudo começou.