Reconhecer que este é o time mais antigo da NBA que ainda está presente na liga é mergulhar nas origens do esporte profissional. Os Boston Celtics, fundados em 1946, são a única franquia que participou de todas as temporadas da NBA desde a sua criação, em 1949, sem mudar de cidade ou de nome. Esta é a história de uma instituição que carrega o passado, o presente e o futuro da liga em suas cores verdes e brancas.
Quando e como os Boston Celtics foram fundados?
A história dos Celtics começa antes mesmo da existência da NBA. A franquia foi fundada em 6 de junho de 1946 por Walter A. Brown, um empresário de Boston. O time foi uma das 11 equipes fundadoras da Basketball Association of America (BAA), que três anos depois, em 1949, se fundiria com a rival National Basketball League (NBL) para formar a National Basketball Association (NBA) que conhecemos hoje. Desde esse primeiro jogo, os Celtics estabeleceram sua casa no Boston Garden, construindo uma conexão íntima com a cidade de Boston, em Massachusetts.
A escolha do nome “Celtics” foi uma homenagem à grande população de origem irlandesa de Boston e aos times históricos de Nova York com o mesmo nome. Essa identidade cultural se tornou um pilar da franquia, simbolizando orgulho, resiliência e tradição. Dos times originais da BAA, os Celtics são o único que nunca se realocou, nunca mudou de nome e nunca deixou de competir, tornando-os a franquia mais antiga em operação contínua da NBA.

Qual foi a era de ouro que definiu a franquia?
A era de ouro dos Celtics é sinônimo de uma pessoa: Arnold “Red” Auerbach. Contratado como técnico em 1950, Auerbach foi o arquiteto de uma dinastia sem precedentes. Sua maior jogada foi, em 1956, trocar para conseguir a escolha de draft que selecionou Bill Russell, o maior vencedor da história dos esportes norte-americanos. Com Russell como peça central defensiva e Bob Cousy conduzindo o ataque, os Celtics conquistaram 11 títulos da NBA em 13 temporadas entre 1957 e 1969, incluindo uma sequência de oito títulos consecutivos (1959-1966), um recorde absoluto que permanece até hoje.
Essa dinastia foi construída sobre os pilares do jogo coletivo, da defesa feroz e do espírito vencedor inculcado por Auerbach. Além de Russell e Cousy, nomes como John Havlicek, Sam Jones e Tom Heinsohn (que mais tarde também se tornou técnico campeão da equipe) definiram o padrão de excelência de Boston. O Boston Garden se tornou uma fortaleza impenetrável, e a rivalidade com os Los Angeles Lakers nasceu, moldando a narrativa da liga por décadas.
Como a franquia se reconstruiu após as dinastias?
Após os anos de glória de Russell e a aposentadoria de Auerbach como técnico, os Celtics não desapareceram. Eles se reconstruíram em torno de novos superastros. Nos anos 70, foi a vez de John Havlicek e Dave Cowens liderarem a equipe a mais dois títulos (1974 e 1976). A verdadeira renascença, porém, veio na década de 80 com a chegada da nova dinastia formada por Larry Bird, Kevin McHale e Robert Parish, o lendário “Big Three”.
Sob o comando do técnico K. C. Jones, esse time manteve viva a chama da rivalidade com os Lakers de Magic Johnson, protagonizando uma das maiores disputas da história do esporte. Os Celtics venceram três títulos naquela década (1981, 1984, 1986). Essa capacidade de se reinventar, identificando e desenvolvendo talentos que personificassem o “Celtics Pride”, tem sido a marca registrada da franquia ao longo dos séculos XX e XXI.
O que significa a tradição dos 17 campeonatos conquistados?
Os 17 campeonatos da NBA dos Celtics são mais do que números; são a coluna vertebral da história da liga. Esse total coloca a franquia em um empate histórico com os arquirrivais Los Angeles Lakers pela maior quantidade de títulos. Cada bandeira pendurada no teto do TD Garden (sucessor do Boston Garden) conta uma história: desde as primeiras conquistas de Russell até o mais recente título em 2008, conquistado por um novo “Big Three” formado por Paul Pierce, Kevin Garnett e Ray Allen.
Essa tradição de vitórias cria uma pressão positiva e uma expectativa única. Jogar no Celtics não significa apenas vestir um uniforme; significa carregar o peso e a glória de uma linhagem de vencedores. É um legado que atrai e molda jogadores, fazendo com que a busca pelo décimo oitavo título seja uma obsessão constante para a torcida, a organização e os atletas que por lá passam.
Como o time mantém sua relevância na NBA moderna?
Nos últimos anos, os Celtics mantiveram sua relevância sendo uma franquia modelo em gestão e desenvolvimento. Sob a liderança do presidente de operações de basquete, Brad Stevens, e do proprietário Wycliffe “Wyc” Grousbeck, o time construiu uma base sólida através do draft, selecionando talentos como Jayson Tatum e Jaylen Brown. Essa dupla se tornou o núcleo de uma equipe jovem, atlética e constantemente competitiva, que chegou às Finais da NBA em 2022.
A fusão entre tecnologia analítica moderna e a cultura tradicional de trabalho duro define os Celtics atuais. Eles honram o passado com cerimônias, aposentadorias de números e a presença constante de lendas, mas competem com as ferramentas e filosofia do basquete do século 21. O TD Garden continua sendo uma das arenas mais intimidantes para os times visitantes, provando que a tradição é um ativo poderoso quando aliada à inovação.
O que a jornada do time mais antigo ensina sobre legado no esporte?
A história dos Boston Celtics prova que este é o time mais antigo da NBA que ainda está presente na liga por uma razão: a capacidade de evoluir sem se perder. Eles são um museu vivo e um laboratório de inovação ao mesmo tempo. Sua trajetória ensina que o sucesso duradouro não é construído apenas com vitórias, mas com identidade, cultura e adaptação.
Eles mostram que uma franquia pode honrar suas lendas enquanto constrói novos heróis, que a rivalidade é um combustível eterno e que algumas cores – o verde e o branco – transcendem gerações. Para qualquer fã de esportes, os Celtics são a prova viva de que algumas instituições são maiores do que qualquer jogador, qualquer temporada ou qualquer troco. Elas simplesmente são, e continuam a ser, a própria essência do jogo.





