Depois de dois anos afastado do cage, Carlos Mota “Tizil” voltou a competir e reencontrou o caminho das vitórias no evento de MMA japonês Knock Out. O brasileiro, ex-campeão do LFA e contratado pelo UFC em 2022, enfrentou um dos períodos mais duros de sua trajetória esportiva, mas garante que hoje está mais maduro, fortalecido e confiante no futuro.
“Foi incrível estar de volta depois de dois anos, em uma regra diferente do MMA. Uma regra parecida, mas que acredito ser mais agressiva por conta dos pisões e dos chutes de ‘tiro de meta’ na cabeça, quando o adversário está no chão. Foi muito bom provar para mim mesmo e para quem duvidou do que eu estava fazendo nesse tempo sem lutar. Eu venci dando um show em uma regra que não permite finalização, só nocaute”, relembrou Tizil, que já conquistou duas vitórias no Japão.

O período longe dos cages foi de muita reflexão. Para Tizil, a suspensão o obrigou a encarar não apenas frustrações profissionais, mas também marcas pessoais profundas.
“Foi um momento difícil para mim. Eu vi meu sonho ficando mais distante, mas acredito que tudo tem um propósito. Eu amadureci muito depois de tudo que aconteceu. Sempre fui uma pessoa que não me posicionava, que não tinha uma voz ativa, talvez por não ter tido a referência de pai e mãe. Eu perdi meus pais quando tinha 6 anos, e isso me atrapalhou a tomar algumas decisões na vida. Mas acredito que esses erros, essa falta de posicionamento, me deixaram mais maduro. Parece estranho, mas depois de um tempo eu agradeci por isso ter acontecido. Eu aprendi, eu amadureci e hoje ninguém fala por mim”, desabafou.
Entre mudanças pessoais e adaptações profissionais, Tizil precisou se reinventar. Afastado de seu treinador de longa data, Francisco Bueno, que já morava em Las Vegas, ele encarou os desafios praticamente sozinho no Brasil.
“Eu tive que me reinventar e me tornar mais forte. Passei esses dois anos sozinho, mas ele sempre esteve em contato comigo. Eu sou um atleta confiante e isso me ajuda nas lutas. Porém, essa distância entre eu e meu treinador me atrapalhou um pouco no início. Aprendi muita coisa com ele e sempre fizemos um trabalho quase que só nós dois, então parece que eu já estava pronto para esses acontecimentos”, destacou.

Hoje, aos 30 anos, Tizil vive uma fase de reconstrução no Japão, mas mantém viva a chama do sonho de voltar ao maior palco do MMA mundial.
“Eu fui para o UFC depois de ser campeão do LFA e agora estou lutando no Japão. Estou feliz com o momento da minha carreira. Tenho alguns objetivos para cumprir no Japão, no Knock Out, mas meu sonho ainda está vivo. O UFC apenas me liberou, eu não fui mandado embora. Então acredito que, com mais uma luta de MMA ou uma vitória marcante, eu possa estar de volta. Mas esse não é o objetivo no momento”, afirmou.