O atacante Dudu, atualmente no Atlético-MG, foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a seis jogos de suspensão e ao pagamento de uma multa de R$ 90 mil, em decorrência de ofensas proferidas em redes sociais, em janeiro deste ano, contra a presidente do Palmeiras, Leila Pereira.
A decisão foi unânime e ocorreu na manhã desta sexta-feira (18), durante sessão da 5ª Comissão Disciplinar, no Rio de Janeiro. A pena começa a ser cumprida imediatamente, conforme determina o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, e Dudu já está fora do confronto contra o Palmeiras, neste domingo (20), às 17h30, pelo Brasileirão Série A 2025.
Infração foi tratada como “gravíssima” pelo STJD
O caso foi enquadrado no Artigo 243-G do CBJD, que prevê punição a atos discriminatórios ou ultrajantes relacionados a preconceito por sexo, raça, origem, idade, deficiência ou condição social. A infração foi classificada como “gravíssima” pelo procurador Ronald Barbosa Filho, com previsão de pena de cinco a dez partidas de suspensão e multa entre R$ 100 e R$ 100 mil.
A relatora do processo, Renata Baldez, sugeriu pena de seis jogos e multa de R$ 60 mil, acompanhada pelos auditores Ramon Rocha e Raoni Vita. O presidente da comissão, Paulo Ceo, votou pelo aumento da multa para R$ 90 mil, considerando o alto patamar salarial do jogador.
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Leila Pereira critica ausência de Dudu: “Agressores são covardes”
Durante a sessão, que durou quase quatro horas, prestaram depoimento Leila Pereira, representantes da União Brasileira de Mulheres (UBM) – entidade responsável por protocolar a denúncia –, além dos advogados Carlos Nicodemos (UBM) e José Eduardo Ferraz, defensor de Dudu.
O atacante não compareceu ao julgamento, alegando estar em viagem com o clube para a Colômbia, onde o Atlético-MG enfrentou o Atlético Bucaramanga pela Copa Sul-Americana. Em vídeo exibido na sessão, Dudu se desculpou:
“Queria esclarecer o motivo do meu não comparecimento ao tribunal, que eu respeito muito. Estou trabalhando e também venho pedir desculpas a todas as mulheres que se sentiram ofendidas pela minha fala, pelo texto que escrevi algum tempo atrás. Fica aqui meu pedido de desculpas”, afirmou o jogador.
Leila rebateu com novas críticas e chamou Dudu de covarde pela ausência: “Sofreu violência, tem que denunciar: porque esses agressores são covardes. A maior prova eu estou vivendo aqui. Esse atleta me agrediu, me ofendeu, e cadê ele? Gravou um videozinho que deve ter lido no TP (teleprompter). Deve ter repetido 500 vezes pra ver se estava mais bonitinho, não é?”, disparou a dirigente.
Histórico de atritos e embates judiciais
O conflito entre Leila Pereira e Dudu teve início em 2024, quando o atacante chegou a ser anunciado pelo Cruzeiro, mas desistiu da negociação e, posteriormente, rescindiu seu contrato com o Palmeiras. Após a saída, Leila declarou que Dudu “saiu pela porta dos fundos”, o que provocou resposta do jogador nas redes sociais:
“O caminhão estava pesado e mandaram eu sair pelas portas do fundo!!! Minha história foi gigante e sincera, diferente da sua senhora Leila Pereira. Me esquece. VTNC.”
Em entrevistas posteriores, Leila afirmou que sofreu misoginia: “Se fosse um homem, ele não teria coragem de fazer isso como nunca houve na história do futebol brasileiro. Não tenho dúvida que tudo o que esse atleta fez é porque sou mulher.”
Dudu e Leila também travam disputa na Justiça comum
Além do julgamento esportivo, a disputa entre os dois também chegou à Justiça comum. Leila Pereira move uma ação civil contra o atacante, enquanto Dudu protocolou uma queixa-crime contra a dirigente, alegando difamação e injúria.
A ação penal de Dudu tramita na 13ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo, com audiência marcada para o dia 26 de agosto.