O vereador Marcos Dias Pereira, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, protocolou nesta terça-feira (7) uma denúncia formal à Comissão de Ética do Futebol Brasileiro contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues Gomes, e o vice-presidente eleito da entidade, Ricardo Nonato Macedo de Lima, também presidente da Federação Bahiana de Futebol. A representação acusa os dirigentes de instaurar um ambiente institucional de assédio moral contínuo e de implementar práticas ilegais de vigilância dentro da sede da CBF.
A denúncia surge a partir de relatos anônimos recebidos pelo gabinete do parlamentar, reforçados por reportagens e ações trabalhistas já em curso. O documento menciona episódios recorrentes de humilhações públicas, cobranças abusivas, isolamento de funcionários, perda de funções sem justificativa e perseguição psicológica. Segundo o vereador, essas práticas teriam se intensificado após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Trabalho (MPT), em que a CBF se comprometeu a coibir o assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.
O texto também revela a existência de um suposto sistema clandestino de espionagem na sede da entidade, com a instalação de câmeras ocultas com captação de áudio em ambientes como o restaurante dos funcionários. O equipamento teria sido instalado com autorização de Ricardo Lima, de acordo com mensagens reveladas por reportagens jornalísticas. As imagens seriam armazenadas em uma sala anexa ao gabinete da presidência, com acesso restrito ao próprio Ednaldo.
Casos específicos foram citados, como o da ex-diretora de infraestrutura Luísa Xavier Rosa, que teve reconhecido pela Justiça o assédio sofrido dentro da CBF, incluindo perda de atribuições e isolamento institucional. Outras ex-funcionárias, como Luciara Vasconcelos Barros e Joyce Moreira do Nascimento, também moveram ações semelhantes. O padrão de comportamento abusivo, segundo a denúncia, teria afetado centenas de trabalhadores, com relatos de burnout, depressão e medo generalizado de retaliação.
Além do assédio moral, a denúncia aponta a conivência da atual gestão com caso de assédio sexual envolvendo o ex-diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, cujo comportamento foi condenado pela Justiça do Trabalho. Mesmo após a sentença, a entidade só teria demitido o dirigente meses depois — e apenas após ele ter sido visto em evento com adversários políticos do atual presidente.
Diante da gravidade dos fatos e do risco de obstrução das apurações, o vereador pede o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues e Ricardo Lima até a conclusão das investigações. Também solicita a oitiva de ex-funcionários que moveram ações por assédio, além do compartilhamento de provas reunidas por jornalistas investigativos. Ao final do processo, requer que a Comissão aplique penas previstas no Código de Ética do Futebol Brasileiro, incluindo multa e banimento dos acusados da atividade esportiva.