Uma perícia grafotécnica identificou indícios de fraude na assinatura que validou o acordo responsável por manter Ednaldo Rodrigues na presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O laudo foi encomendado pelo vereador Marcos Dias (Podemos-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Rio, que encaminhou uma denúncia ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), sob o número 1021595.
O documento analisado foi firmado em janeiro de 2025 para encerrar a Ação Civil Pública nº 18696066.2017.8.19.0001. Ele teria sido assinado por Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes, ex-dirigente da CBF, atualmente com 86 anos. No entanto, segundo um laudo médico de maio de 2023 e uma declaração judicial de abril de 2024, Nunes não teria plena capacidade cognitiva para firmar o termo.
A especialista Jacqueline Tirotti, responsável pela análise, concluiu que não foi possível identificar a assinatura como sendo de Nunes, o que levanta suspeitas sobre a validade do acordo que garantiu a permanência de Ednaldo no cargo.
“A convicção que se pode depreender de todas as características observadas e considerando todas as limitações intrínsecas ao presente exame é de não identificação do punho periciado de Antônio Carlos Nunes de Lima nos lançamentos contidos nos objetos periciais já mencionados”, destacou.
Ao comentar os resultados da perícia, o vereador Marcos Dias foi enfático ao destacar a gravidade da situação:
“Se até a assinatura de um acordo judicial foi falsificada, o que está em jogo não é apenas o futebol, é a verdade, a dignidade e a confiança do povo nas instituições. Não se trata mais de boatos, mas de uma perícia oficial que aponta a ‘não identificação’ da assinatura usada para manter Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF. Isso fere a lei, a moral e o respeito que qualquer brasileiro merece.”, enfatizou o vereador.
Reportagens também revelaram que Coronel Nunes afirmou à Justiça, em 2024, não ter condições de negociar acordos devido a problemas de saúde, o que contradiz sua suposta participação no termo da CBF. A Folha de S.Paulo revelou ainda que ele teria recebido R$ 100 mil mensais da entidade entre 2022 e 2024, somando mais de R$ 2 milhões, mesmo sem exercer função ativa.
Além da suposta fraude, pairam outras acusações sobre a atual gestão da CBF. No último dia 26 de abril, o vereador Marcos Dias já havia denunciado Ednaldo Rodrigues ao Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ) por supostos casos de assédio moral e sexual dentro da entidade. A denúncia, registrada como Notícia de Fato nº NF 002209.2025.01.000/5, apontava o descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2021, além de relatar humilhações públicas, câmeras ocultas e omissão diante de denúncias.