Nesta quarta-feira, 19, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou que Ednaldo Rodrigues será o único candidato à presidência da entidade. Assim, com o apoio das 27 federações no país, o mandatário conduzirá o órgão máximo do futebol no país entre 2026 e 2030.
Rodrigues alega que o processo de sua reeleição se baseou em “uma união democrática, um processo eleitoral que segue um rito estabelecido pela Fifa, Conmebol e CBF, dentro do seu estatuto”. Mas uma pergunta paira no ar: é possível existir democracia em um espaço que exclui a diversidade de ideias e, até mesmo, candidatos?
Ronaldo Fenômeno tentou nos avisar. O ícone do futebol brasileiro retirou a sua candidatura à presidência da CBF com uma justificativa praticamente em carta aberta de denúncia à panela que se fixa nas entranhas da entidade. Depois do feito, ele recebeu o apoio de sua mulher, que revelou sentir nojo do país pela falta de respaldo ao projeto do parceiro.
Ednaldo Rodrigues na CBF é apenas o sintoma
O esporte é uma manifestação cultural que reflete a sociedade como um todo. Dessa forma, a CBF apenas reproduz o que a política brasileira (não necessariamente ligada ao futebol) tem de pior: a manutenção do status quo, mesmo que esse seja recheado de polêmicas e corrupção.
É importante pontuar que Ednaldo Rodrigues é ‘apenas’ o quinto presidente seguido da CBF a ter seu nome envolvido em controvérsias. Para quem tem memória curta, o mandatário que ocupará a cadeira mais importante do órgão chegou a ser destituído de seu cargo em dezembro de 2023.
O motivo? A suposta ilegitimidade das eleições que o levaram à presidência. Posteriormente, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a decisão tomada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Em sua explicação à época, Mendes ressaltou que o afastamento de Ednaldo causaria danos graves e irreparáveis à coletividade, pois a Fifa não reconhecia o interventor nomeado pelo TJ-RJ. Assim, a inscrição da Seleção Brasileira no qualificatório para os Jogos de Paris 2024 seria inviabilizada.
O problema é estrutural
Antes Ednaldo Rodrigues e sua candidatura ‘democrática’ fossem o único problema. Seus antecessores não tiveram reputações muito melhores à frente da CBF. Ricardo Teixeira, José Maria Marín, Rogério Caboclo, entre outros, também colecionam suas polêmicas particulares.
Então, precisamos responder outras questões: o que acontece na entidade e o que precisa mudar para que os mesmos erros não voltem a ocorrer? O processo eletivo? Quem está envolvido? Os prazos? As burocracias?
De qualquer maneira, por ora, a história se repetirá. E seguimos sem aprender com ela.