A gestão da 777 Partners à frente da Vasco SAF tem sido apontada como responsável pelo aumento de R$ 350 milhões na dívida do clube, que hoje soma R$ 1,4 bilhão. Segundo o vice-presidente jurídico do Vasco, Felipe Carregal, o montante cresceu devido a contratações inflacionadas e à negligência no combate ao endividamento.
A diretoria do clube acusa a 777 de gestão temerária na Justiça, argumento já reconhecido pela juíza que deferiu o pedido de recuperação judicial do Vasco no mês passado.
Dívida inicial do Vasco e falta de estratégia para redução
Carregal destacou que a Vasco SAF já nasceu com um passivo significativo e que a prioridade da administração deveria ter sido reduzir essa dívida, algo que não aconteceu.
“Sempre bom relembrar que a Vasco SAF, diferente de outras SAFs do Brasil, nasce devendo R$ 700 milhões. Se você tem uma empresa que, na origem, está devendo R$ 700 milhões, o que você faz? Qual é a primeira medida que tem que tomar? Tem que atacar essa dívida. Porque o custo dessa dívida é altíssimo. Imagina R$ 700 milhões rodando juros e correção mensalmente. Então a primeira coisa que tem que fazer é atacar e diminuir essa dívida. Isso não foi feito”, afirmou Carregal, em entrevista divulgada nesta terça-feira na VascoTV.
O dirigente também criticou a postura da 777 diante dos alertas emitidos pelo Conselho Fiscal da SAF: “Não foi feito, apesar do Conselho Fiscal da SAF alertar isso várias vezes. Eles sabiam que não tinham capacidade de controlar as finanças da SAF sem atacar a dívida, isso está claro nos pareceres do Conselho Fiscal. Eles simplesmente ignoraram todos os alertas que foram dados”, completou.
Contratações acima do mercado e agravamento financeiro
Outro ponto levantado por Carregal foi o impacto das contratações realizadas pela 777 Partners, que teriam ocorrido por valores superiores aos praticados no mercado.
“Em paralelo, sem pagar a dívida, eles começaram a gastar em jogadores. E hoje a gente percebe que essas contratações foram feitas por valores acima do mercado, alguns jogadores chegaram ao Vasco ganhando três, quatro, cinco vezes mais que ganhavam em outros times, sem nenhuma justificativa aceitável para isso”, destacou.
Além disso, segundo Carregal, os custos gerados foram apenas postergados, sem planejamento para aumentar receitas ou reduzir dívidas. “E pior, o que eles fizeram com esse custo? Empurraram para frente. Mas empurraram sem gerar novas receitas e sem atacar as dívidas. Isso, para mim, reforça mais uma vez que tipo de gestão a 777 fez à frente da Vasco SAF. Mais uma vez só reforça o que a juíza disse na decisão que deferiu o pedido (de recuperação judicial), que a 777 é, sim, uma das responsáveis pela crise econômico-financeira que atingiu a SAF”, concluiu.