A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, se manifestou nesta sexta-feira (8) sobre os ataques racistas sofridos pelo atacante Luighi e pela equipe alviverde durante a Libertadores Sub-20, na última quinta-feira (7), no Paraguai. A dirigente anunciou que o clube pedirá a exclusão do Cerro Porteño da competição e criticou duramente a postura do árbitro e da Conmebol diante do episódio.
“Ele não cumpriu com uma determinação da Fifa”, afirmou Leila sobre o juiz da partida, que não interrompeu o jogo após as agressões racistas.
“Vamos requisitar a exclusão do Cerro Porteño da competição. Porque não é a primeira vez que esse clube ataca nossos atletas, nossos torcedores”, declarou a mandatária alviverde.
A presidente se referiu a casos ocorridos em 2022 e 2023. No primeiro episódio, torcedores do Cerro Porteño imitaram macacos em direção aos palmeirenses. No ano seguinte, jogadores do Verdão foram chamados de “macacos”, e o meia Bruno Tabata, que reagiu à agressão, recebeu uma suspensão de quatro meses. O clube tentou reverter a punição, mas não teve sucesso.
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Leila Pereira chama Conmebol de “displicente”
A diretoria palmeirense estuda, junto à CBF, as medidas cabíveis para viabilizar a exclusão do Cerro Porteño da Libertadores Sub-20. O formato da penalização ainda não está definido. Leila Pereira também revelou que tentou contato com Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, mas sem sucesso. “Eu tentei falar com o presidente da Conmebol e não consegui. A Conmebol está sendo muito displicente em relação a esses fatos”, criticou.
A dirigente afirmou ter acompanhado a partida pela televisão e, após o jogo, conversou com o coordenador das categorias de base, João Paulo Sampaio, e com o atacante Luighi, parabenizando o jovem pela força e coragem diante da situação.
“É um menino. Fiquei extremamente comovida, chateada e raivosa. Mas essa raiva tenho que expor de forma civilizada. Se esses criminosos não são civilizados, temos que ser”, pontuou Leila.
A Conmebol divulgou nota informando que medidas disciplinares serão implementadas e que outras providências estão em avaliação junto a especialistas. Já a CBF garantiu que fará uma representação formal à entidade sul-americana, cobrando “rigor nas punições”.
LEILA PEREIRA AFIRMA QUE NÃO CONSEGUIU FALAR COM A CONMEBOL! 😡🤬 A entidade tá esperando o que pra responder a presidente do Palmeiras? É lamentável e só nota oficial não vai resolver o CRIME cometido contra Luighi por torcedores do Cerro Porteño. Cadê você, CONMEBOL? pic.twitter.com/4Yna4zlc7s
— TNT Sports BR (@TNTSportsBR) March 7, 2025
Luighi se revolta com falta de questionamento sobre racismo
O episódio ocorreu na noite de quinta-feira (7), quando um torcedor do Cerro Porteño imitou um macaco em direção a Luighi. Além disso, integrantes da torcida paraguaia chegaram a cuspir no atacante palmeirense.
Ao deixar o campo, o jogador chorou e desabafou durante entrevista pós-jogo, criticando a omissão da Conmebol e cobrando o repórter, que inicialmente evitou abordar o caso de racismo.
“Não, não. É sério isso? Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso?”
“Vai me perguntar sobre o jogo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Ou a CBF, sei lá. Você não ia perguntar sobre isso, né? Não ia. É um crime o que ocorreu hoje. Isso aqui é formação, estamos aqui para aprender”, completou Luighi.
Apoio ao atacante nas redes sociais
O Palmeiras se manifestou oficialmente nas redes sociais, reforçando que irá “até as últimas instâncias” em busca de uma punição ao responsável pelo ataque racista. O elenco profissional do clube também se solidarizou com Luighi, com jogadores como Marcos Rocha, Weverton e Allan Elias compartilhando mensagens de apoio ao jovem.
Diversos clubes brasileiros também repudiaram o ocorrido e prestaram apoio ao atacante, incluindo Corinthians e São Paulo, além de equipes de outros estados. Atletas de outras equipes e ex-jogadores também se manifestaram, entre eles Rony (Atlético-MG), Dudu (Cruzeiro), Felipe Melo (aposentado), Oscar (São Paulo), Richarlison (Tottenham) e Vinícius Júnior (Real Madrid), este último um dos principais nomes da luta antirracista no futebol mundial. O caso segue sob análise da Conmebol, enquanto o Palmeiras busca uma resposta mais contundente das entidades esportivas.
Vini Jr demonstra apoio a Luighi, do Palmeiras, e cobra Conmebol nas redes sociais após caso de racismo:
“Até quando, Conmebol? Vocês nunca fazem nada. NUNCA!” pic.twitter.com/4YJkLiUgEQ
— Planeta do Futebol 🌎 (@futebol_info) March 7, 2025