Depois de diversos escândalos envolvendo manipulação de resultados no futebol brasileiro, incluindo até jogadores da Série A, um levantamento mostra que a prática caiu em 45% até agora no ano de 2024. A Sportsradar, entidade ligada a federações estaduais, à CBF, Conmebol e UEFA, projeta que, depois de dois anos, o Brasil pode deixar o infame primeiro lugar do ranking de manipulação.
Segundo o diretor de integridade da empresa, Felippe Marchetti, a maior visibilidade dos casos é uma das maiores causas desta diminuição. “Como em quase todo crime, os manipuladores procuram os maiores ganhos com os menores riscos. Temos alguns fatores: há maior visibilidade dos casos, CPI, regulamentação do mercado de apostas, investigações…Temos as ações pontuais, com jogadores conscientes, iniciativas de educação, plataformas de treinamento. Os relatórios mais detalhados para as federações também colaboram porque trazem muitos dados que auxiliam as investigações. Isso tudo afasta manipuladores”, disse, em entrevista ao ge.
Casos de manipulação no Brasil
Em 2022 e 2023, foram registrados 152 e 109 casos de manipulação no país, respectivamente. Um jogo é considerado manipulado quando há provas contundentes de que o resultado foi alterado. Mais recentemente, na CPI das Apostas Esportivas e Manipulação de Resultados, William Pereira Rogatto, apontado como chefe de esquemas no Campeonato Brasiliense, conhecido como Candangão, afirmou ser conhecido como o “Rei do Rebaixamento”, revelou ter provocado o descenso de 42 equipes no futebol brasileiro, incluindo o Santa Maria, rebaixado no campeonato deste ano. Ele também declarou já ter lucrado cerca de R$ 300 milhões com a manipulação de resultados.
O CEO da SAF do Botafogo, John Textor, também vem sendo uma figura proeminente nas acusações de manipulação. Apesar de não apresentar provas concretas, o estadunidense já depôs na CPI, afirmando que “a manipulação de resultados [no futebol] é uma realidade”.
Porém, a manipulação de partidas não acontece apenas nas divisões inferiores. Em maio do ano passado, jogadores da Série A do Brasileirão, como Eduardo Bauermann, ex-Santos, e Kevin Lomónaco, ex-RB Bragantino, foram suspensos das atividades futebolísticas por 360 dias após ser revelada a participação dos atletas em esquemas de apostas. Os jogadores combinavam com os criminosos e levarem cartões amarelos ou vermelhos em certas partidas para corresponderem às apostas feitas.