Em 1998, a Federação Paulista de Futebol (FPF) surpreendeu o cenário do futebol brasileiro ao utilizar uma estratégia de marketing inovadora para definir o futuro do meia Marcelinho Carioca. O presidente da entidade na época, Eduardo José Farah, adquiriu o passe do jogador junto ao Valencia, da Espanha, por uma soma de US$ 7 milhões.
Marcelinho havia saído do Corinthians um ano antes, assinando um contrato de cinco anos com o clube espanhol. No entanto, a FPF decidiu movimentar as torcidas dos principais clubes paulistas através de um leilão telefônico, cujo objetivo era determinar em qual time Marcelinho jogaria. Cada ligação custava R$ 3,00, e o clube que acumulasse o maior número de chamadas seria o destino do craque.
A estratégia da FPF para Marcelinho Carioca
A ideia da FPF era mais do que apenas um retorno de Marcelinho ao futebol brasileiro; era uma manobra para envolver emocionalmente os torcedores e capitalizar financeiramente. Nos primeiros dias, o Santos estava na liderança, mas os corintianos rapidamente assumiram a frente e mantiveram a posição até o término do leilão, acumulando 62,5% das ligações. São Paulo, Santos, e Palmeiras ficaram com 20,3%, 9,5%, e 7,7%, respectivamente.
Relembrando o momento, Marcelinho Carioca expressou seu entusiasmo pela forma inovadora como seu retorno foi tratado. A preocupação do atleta em acabar jogando pelo rival Palmeiras foi um ponto alto da tensão, mas, no final, ele confiava na fidelidade da torcida corintiana, que não decepcionou.
Por que Farah optou pelo leilão telefônico?
A decisão de Eduardo José Farah de fazer um leilão telefônico foi uma tentativa arrojada de aproveitar o fervor das torcidas paulistas para recuperar o investimento feito na compra do passe de Marcelinho. Mas, essa não foi a única intervenção de Farah no futebol paulista de 1998. Além de Marcelinho, a FPF também financiou a contratação de outros jogadores para clubes do estado, como Evair para a Portuguesa e Carlos Miguel para o São Paulo.
A pesar do grande interesse do público, a ação não rendeu financeiramente o esperado. Arrecadando cerca de US$ 2 milhões, o prejuízo foi inevitável, pois a FPF teve que cobrir a diferença do valor pago ao Valencia. Entretanto, o impacto da promoção foi defendido como um marco no marketing esportivo brasileiro.
Jorge Farah, filho de Eduardo, destacou que, apesar do prejuízo, a iniciativa foi pioneira e tentou levantar o esporte em um momento de necessidade. O próprio Marcelinho acredita que uma ação semelhante poderia ser bem-sucedida atualmente, destacando a falta de jogadores talentosos no cenário atual do futebol.
Quais outros craques a FPF levou para os clubes paulistas
Além de Marcelinho, Eduardo Farah também ajudou na transferência de outros jogadores. Em 1998, por exemplo, ele viabilizou a vinda de Evair para a Portuguesa, que chegou às semifinais do Campeonato Paulista daquele ano, e trouxe o meio-campista polonês Pierkarsi, também para a Portuguesa, além de Carlos Miguel para o São Paulo e Valdeir para o Internacional de Limeira.
Momentos memoráveis de Marcelinho no Corinthians
Marcelinho Carioca chegou ao Corinthians no final de 1993, vindo do Flamengo. Em sua primeira passagem, ele destacou-se em momentos inesquecíveis, incluindo dérbis contra o Palmeiras e a conquista do Campeonato Paulista de 1995 e 1997. Seu retorno através da inovadora promoção de Farah certamente marcou uma fase importante na história do futebol paulista.
A história de Marcelinho Carioca e a promoção inusitada da FPF ficará sempre marcada na memória dos torcedores, não só pela inovação, mas também pelo impacto que teve no marketing do futebol brasileiro.