A Comissão Nacional de Clubes (CNC) deu início a discussões preliminares para a implementação do fair play financeiro no futebol brasileiro. Em uma reunião realizada na última segunda-feira (2) na sede da CBF, no Rio de Janeiro, representantes de grandes clubes como Fluminense, São Paulo, Fortaleza, Internacional, Vasco, Flamengo e Palmeiras, além de delegados das Séries B e C, debateram medidas que poderão ser adotadas a partir de 2025.
A pauta da reunião incluiu temas cruciais como calendário, arbitragem e, especialmente, a análise de um modelo de fair play financeiro que poderia ser implementado no Brasil. A CNC pretende realizar encontros mensais na CBF para avançar nas discussões e definir os próximos passos.
Entre os clubes, o Palmeiras demonstrou apoio à introdução do fair play financeiro, uma medida que surge em resposta à recente janela de transferências e à necessidade de manter a competitividade no futebol nacional. A preocupação com os clubes que acumulam dívidas e não honram seus compromissos financeiros também foi destacada como um dos motivadores do debate.
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Outro ponto relevante foi a situação dos clubes que pertencem a grupos empresariais, em especial aqueles cujas movimentações financeiras feriram as regras de fair play na Europa. Se o debate avançar, a ideia é estender a discussão para todos os clubes das três principais divisões do futebol brasileiro.
O tema não é novo. Há alguns anos, o economista Cesar Grafietti foi contratado pela CBF para desenvolver um modelo de fair play financeiro para o Brasil. Embora o projeto tenha sido entregue, ele nunca foi colocado em prática. Nas últimas semanas, porém, o assunto voltou à tona após declarações do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, e do proprietário da SAF do Botafogo, John Textor, que reacenderam a discussão.
Após a derrota do Flamengo por 4 a 1 para o Botafogo, Landim fez um comentário em um grupo de WhatsApp, mencionando o alto investimento do rival: “Acho que só neste ano eles já investiram 75 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões), aproximadamente o valor que você mencionou desde 2021. Isso para um clube que teve um faturamento de R$ 322 milhões no ano passado. Sejam bem-vindos aos tempos de SAF sem fair play financeiro”, escreveu Landim.
Em resposta, John Textor elogiou Landim e apoiou a implementação do fair play financeiro no Brasil. “É sabido que gosto e respeito o Rodolfo, e é verdade que acredito na ideia de trazer o fair play financeiro para o Brasil. Posso confirmar que nossas receitas aumentaram significativamente, e nossos níveis salariais atuais estão em apenas 45% das receitas. Isso está bem abaixo do limite de 75% imposto pelo fair play financeiro na Europa. Portanto, está claro que essa versão do Botafogo ainda seria possível se as regras europeias do FFP fossem aplicadas no Brasil”, declarou Textor.