O Mirassol faturou o campeonato da Série D em 2020, o da Série C em 2022, e, agora, visa a taça da Série B com a passagem para a primeira divisão do país. Mesmo tendo quase um século de história, o clube do noroeste paulista vive o seu grande momento na atual temporada.
No último final de semana, o Leão terminou a 21ª rodada provisoriamente no topo da tabela, com uma campanha de 11 vitórias, cinco empates e cinco derrotas. Vale destacar que esta é a primeira vez que o Mirassol lidera a segunda divisão. Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, o técnico Mozart Santos detalhou os processos por trás do sucesso. Leia abaixo:
VITÓRIA GIGANTESCA DO LEÃO!!!🦁
Com gols de Luiz Otávio e Léo Gamalho, Mirassol vence o Ceará, por 2 a 1, fora de casa, e assume a liderança da Série B do Campeonato Brasileiro!
O Leão volta a campo na próxima quarta-feira, no Maião, e enfrenta o Botafogo-SP!
VAMOS, MIRASSOL pic.twitter.com/C1LoJkphT1
— Mirassol (@mirassolfc) August 17, 2024
Havia expectativa de chegar à liderança da tabela nesta temporada? Como esse caminho foi construído?
A expectativa sempre existiu, apesar da dificuldade que é o campeonato, da concorrência com os grandes clubes do futebol brasileiro, nós sempre almejamos essa primeira colocação. E ela foi conquistada com muito esforço, com um trabalho de médio-prazo, uma sequência com boa parte do elenco do ano passado e dos reforços pontuais que chegaram nesse ano.
Então, acredito que seja fruto de trabalho, planejamento, dedicação dos atletas, ambição. O grande desafio agora é mantermos o desejo. Estamos com os dois pés bem fincados do chão, entendemos que o caminho ainda é muito longo pela frente, mas o objetivo é se manter nessa colocação. E continuar da forma que iniciamos, pensando sempre jogo a jogo, escolhendo os jogadores que estão nas melhores condições físicas também.
Qual é a sua sensação e a do resto do elenco ao alcançar esta posição pela primeira vez na divisão?
Para mim, foi uma novidade. Realmente é uma sensação muito boa, mas eu confesso que, hoje, meu sentimento é de muita responsabilidade, trabalhar ainda mais. Saber chegar é difícil, se manter é ainda mais. É preciso agir com naturalidade, não fazer nada diferente do que a gente já vinha fazendo. Minha rotina continua a mesma em termos de horário, carga, enfim… Esticar a corda dos jogadores, elevando eles ao limite, porque só dessa forma vamos conseguir nos manter.
Quais foram os maiores percalços enfrentados pelo Mirassol até o topo da tabela?
Todos os adversários. É um campeonato muito equilibrado, muito duro. Chego a dizer que está até sendo mais equilibrado do que o ano passado. Todos os adversários têm as suas características, as suas qualidades, todos eles te criam muitos problemas. Esse percurso foi muito difícil até aqui.

Qual é o segredo da ascensão meteórica do clube no cenário nacional?
Quando eu cheguei aqui no ano passado, o Mirassol já era uma realidade no futebol brasileiro, fruto do trabalho do Juninho (Junior Antunes, vice-presidente), do doutor Edson (Edson Antônio Ermenegildo, presidente do Mirassol e prefeito da cidade), toda a comissão da casa, enfim… E eu acredito que eu tenha agregado alguma coisa, eu faço parte do processo. Não me sinto protagonista, protagonistas são os jogadores. É obvio que têm decisões que precisam ser tomadas, mas é uma engrenagem que funciona muito bem e espero que funcione até novembro.
Como é a sua relação com os jogadores no extracampo?
Muito boa. A maioria já tinha trabalhado comigo em outros clubes, ano passado reencontrei alguns. O fato de eu ter sido jogador acho que facilita muito, mas nós não temos muito tempo para fazer coisas fora do clube. Eu também não tenho redes sociais, então nunca sei o que eles tão fazendo fora daqui (risos). Volta e meia a gente se encontra em algum restaurante, muito mais por acaso, seja em Mirassol ou em Rio Preto, porque não são cidades grandes.
Sou um cara chato no dia a dia, no bom sentido, de exigência. É um elenco mesclado, que concilia a experiência com a juventude, com jogadores que já conquistaram coisas importantes, então é um grupo bem fácil de administrar. Nunca tive nenhum tipo de problema, tirando coisas pequenas, uma cobrança mais forte com um ou outro, mas nada que tenha passado do ponto. Então, a relação é muito boa.
Se você pudesse citar um grande diferencial do Mirassol, o que seria?
Eu acredito muito na conexão das pessoas. Porque existem muitos mitos no futebol, de que o time não precisa se dar bem fora do campo, basta se dar bem dentro dele. Particularmente, seja como jogador e, agora, como treinador, eu acredito muito nessa conexão dos jogadores com o clube, com a cidade, a comissão técnica. Essa engrenagem precisa funcionar.