Rubens Gomes, conhecido como Rubão, ex-diretor de futebol do Corinthians, prestou depoimento nesta quinta-feira (8) à Polícia Civil, como testemunha no inquérito que investiga possíveis irregularidades no contrato de patrocínio entre o clube e a casa de apostas VaideBet. O contrato, que gerou controvérsias, está sendo minuciosamente examinado pelas autoridades.
Durante seu depoimento, Rubão reafirmou o que já havia dito publicamente em entrevistas anteriores. Ele declarou ter ouvido do presidente do Corinthians, Augusto Melo, que não havia intermediários na negociação com a VaideBet. No entanto, o contrato incluiu uma comissão de R$ 25,2 milhões destinada à empresa Rede Social Media Design, de propriedade de Alex Cassundé, que foi ligado à campanha eleitoral de Melo.
Após sair da delegacia, Rubão fez declarações contundentes, sugerindo que o crime organizado estaria se infiltrando no Corinthians, embora não tenha apresentado provas concretas para sustentar a acusação. Ele também defendeu o impeachment de Augusto Melo, afirmando que já coletou assinaturas para abrir o processo de destituição do presidente.
“Minha grande preocupação é o crime organizado se instalando no Corinthians. O clube é uma instituição familiar, e precisamos tomar cuidado com isso. A instituição está acima de tudo, acima de qualquer vaidade. Se o Conselho não tirar o Augusto, a Justiça tira”, afirmou Rubão.
Rubão também destacou que, ao ser questionado pelo delegado sobre a existência de intermediários na negociação com a VaideBet, reafirmou que não havia intermediários, conforme confirmado por Alex Cassundé. “A instituição Corinthians é vítima, não seus dirigentes. O trio VaideBet, Augusto, Sérgio Moura e Marcelinho está mais enrolado do que fumo de corda. A justiça vai prevalecer”, declarou o conselheiro vitalício do Timão.
Rubão soltou o verbo! Ex-diretor do Corinthians prestou depoimento sobre o contrato com a VaideBet e disse que o crime organizado está se infiltrando no clube.
Acusou Augusto Melo, defendeu impeachment e afirmou: “O trio VaideBet, Augusto e cia tá mais enrolado que fumo de… pic.twitter.com/jKO4jYtM2t
— Corinthianismo (@Corinthiansmo) August 8, 2024
O ex-diretor expressou confiança de que Augusto Melo não concluirá seu mandato, que vai até o fim de 2026. Segundo Rubão, se o processo de impeachment não for iniciado, o presidente será retirado do cargo pela Justiça.
Na próxima segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Corinthians se reunirá para discutir, entre outros assuntos, o contrato com a VaideBet. A situação é tensa, com Rubão alertando que o clube está em crise e que é necessário um novo grupo político para tirá-lo dessa situação. “Tem que parar com a história de ‘ah, não vamos tirar o Augusto senão a Renovação e Transparência volta’. Não existem só dois lados. O Corinthians tem 300 conselheiros, está se formando um novo grupo político para tirar o Corinthians dessa crise. O Corinthians está sangrando, sangrando, sangrando, essas pessoas estão pensando só nelas”, afirmou Rubão.
Relembre o caso Corinthians x VaideBet
A investigação teve início em maio deste ano após uma denúncia do “Blog do Juca Kfouri”, que apontou suspeitas de que a Rede Social Media Design teria repassado R$ 900 mil a uma empresa fantasma, a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda., registrada em nome de Edna Oliveira dos Santos, que alegadamente desconhecia a existência da empresa. A Polícia identificou ligações da Neoway com outras empresas fantasmas, e a Justiça já determinou a quebra do sigilo bancário da Neoway, aguardando o envio dos extratos pelos bancos.
As suspeitas em torno do caso levaram a VaideBet a romper o contrato com o Corinthians em 7 de junho, alegando danos à sua imagem. O contrato, assinado em janeiro, tinha validade até o fim de 2026 e previa o pagamento de R$ 370 milhões ao clube.