Duas equipes com o mesmo objetivo, mas com trajetórias bem diferentes estarão em campo na final da Euro 2024, neste domingo, 14, em Berlim, na Alemanha. A Inglaterra vai em busca de primeira taça continental. Na única final disputada nesses 64 anos de Euro, na última edição, em 2020, os ingleses viram a taça escapar em casa, nos pênaltis, contra a Itália. A Espanha busca se isolar como a maior campeã da Euro, com 4 conquistas, depois dos títulos em 1964 e da dobradinha em 2008 e 2012. O único vice-campeonato da Furia foi em 1984, perdendo da França na decisão.
Esse será o terceiro jogo entre Espanha e Inlaterra em Euros. Nos dois anteriores a Inglaterra prevaleceu. Na Euro de 1980, vitória por 2 a1 na Fase de Grupos. 16 anos depois o English Team eliminou a Espanha nos pênaltis nas quartas-de-final, depois de empatarem sem gols no tempo normal. Levando em conta todos os confrontos a vantagem segue inglesa. Foram 27 jogos, 10 vitórias espanholas, 4 empates e 13 triunfos britânicos. O último duelo foi há cinco anos, pela Nations League, vitória da Inglaterra por 3 a 2.
Comparar as campanhas das duas finalistas desta edição é como comparar a rica culinária ibérica com fish and chips. A Espanha tem 100% de aproveitamento. Venceu todos os seis jogos, tendo marcado 13 gols e sofrido apenas 3. É o primeiro time a vencer seis jogos em uma única edição do Campeonato Europeu. Passou na primeira fase pela Croácia, terceira colocada na ultima Copa, pela Itália, atual campea da Euro e por Alemanha e França, que somam cinco taças continentais e seis mundiais.
Já a Inglaterra teve que se superar dentro da competição para chegar à final. Foram 3 empates e 3 vitórias. 7 gols feitos e 3 tomados. Foi a primeira seleção na história a chegar à final depois de sair perdendo nas oitavas, quartas e semifial. Esteve a segundos da eliminação nas quartas-de-final contra a Eslováquia, até o gol salvador de Bellinhgam levar a partida à prorrogação, onde venceu graças ao pênalti de Hary Kane. Saiu perdendo da Suíça, quando conseguiu empatar e avançar nos pênaltis, e teve que virar também o jogo contra a Holanda. Um feito a seleção dos Três Leões já atingiu: será a primeira final da Inglaterra fora de seu próprio país.
Os comandantes
Os dois treinadores finalistas conhecem bem seus comandados. Luis de la Fuente venceu a Euro sub-19 e sub-21 e com a seleção principal da Espanha foi campeão da Nations League. Na conquista com o time sub-21 da La Roja, ele comandou os então garotos Unai Simón, Fabián Ruiz, Dani Olmo, Mikel Merino e Mike Oyarzabal, que tentam agora o título principal. A Espanha de Fuente traz elementos da escola espanhola, como a intensa troca de passes, aliada a um estilo mais fluído de jogo, principalmente na hora de imprimir velocidade com os pontas. A equipe oscila entre um 4-2-3-1 um clássico 4-3-3.
Gareth Southgate está à frente da Inglaterra há oito anos. Disputou duas Copas do Mundo pelos inventores do futebol (4º lugar em 2018 e 6º no Catar). Manteve a base da equipe de 2020, adicionou uma boa dose de juventude e chega à segunda final consecutiva de Euro. Desde as quartas, contra a Suíça, a equipe mudou o esquema, passando a jogar com três zagueiros, o que acaba exigindo também mais dos pontas na marcação pelos lados do campo.
Obcecados por quebrar recordes
A renovação na Espanha foi mais profunda. Com a passagem de bastão de Luis Enrique para De La Fuente, apenas 10 jogadores que disputaram a Euro passada estão no elenco atual. O treinador catalão gosta de rodar o elenco. Usou 25 dos 26 jogadores que levou para a competição, entre eles dois extremos. Na semifinal contra a França, o veterano lateral Jesús Navas entrou para a história da seleção espanhola ao se tornar o jogador titular mais velho a participar de uma semifinal de Eurocopa ou Copa do Mundo, com 38 anos. O capitão do Sevilla superou o recorde de Fritz Walter, da Alemanha, e de Gunnar Gren, da Suécia, que foram semifinalistas da Copa de 1958 com 37 anos. Navas teve a missão de marcar Kylian Mbappé, e apesar de ter encontrado algumas dificuldades no início do jogo, gradualmente ganhou confiança, contribuindo no ataque e dando assistência para o gol da virada, marcado por Dani Olmo. No domingo, ele terá a chance de quebrar mais uma marca histórica, podenddo se tornar o primeiro jogador da história a vencer duas Euros, uma Copa do Mundo e uma Liga das Nações. Além disso, ele já é o único jogador no mundo a ter vencido todos esses títulos pelo menos uma vez.
Se tem um dos “coroas” da Euro, a Espanha tem também o jogador mais jovem da história do torneio. Um adolescente que já assumiu o protagonismo no ataque da seleção. Destaque da Furia, Lamine Yamal completa 17 ano no sábado, 13, um dia antes da final. O jovem é um exemplo da qualidade técnica e visão cultivadas nas academias de jovens de toda a Espanha, em especial na La Masia do Barcelona. O golaço do ponta-direita contra a França, aos 16 anos e 362 dias de idade, tornou Yamal no jogador mais jovem a marcar em uma Euro e também em um grande torneio de seleções. Ele superou a marca de Pelé, que durava 66 anos. Na Copa do Mundo de 1958 o Rei do futebol marcou o gol da vitória contra o País de Gales aos 17 anos. O perfil oficial do Pelé no instagram parabenizou os feitos da Lamine Yamal.
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Do outro lado da final também está um jovem que pode coroar uma temporada perfeita. Campeão Espanhol e da Liga dos Campeões com o Real Madrid, Jude Bellingham tenta o título da Euro, e se conseguir será também o principal concorrente à Bola de Ouro. Ele tem dois gols no torneio deste ano. Dois gols fundamentais. Marcou de cabeça o unico gol da Inglaterra na vitória contra a Sérvia, na estreia, e fez um golaço de bicicleta nas oitavas de final contra a Eslováquia. Um bom presságio para Jude é que o primeiro gol dele com a camisa do Real foi justamente em Unai Simon, goleiro da Espanha e do Athletic Bilbao.