Após suspeita de uso de documentação falsa ao chegar no Paraguai, na última quarta-feira, Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Assis, chegaram para prestar depoimento na sede da Promotoria contra o Crime Organizado, em Assunção.
Federico Delfino, Promotor dos irmãos no caso da apreensão, concedeu entrevista coletiva na manhã desta quinta para dar novas informações, indicando que os números dos passaportes usados pertencem a outras pessoas.
Segundo Delfino, os documentos foram retirados no mês de janeiro e entregues a Ronaldinho e Assis assim que os irmãos chegaram ao Paraguai. A declaração estaria em contradição com a primeira versão dada por Gaúcho, que, de acordo com o ABC Color, disse à polícia que recebeu os passaportes ainda no Brasil.
“Se checou a documentação, que chamou a atenção. Para ter a nacionalidade paraguaia, ser paraguaio naturalizado, tem que estar vivendo há algum tempo no país e ter um trabalho, essas coisas. Ronaldinho é uma pessoa de fama mundial… Estou igual a vocês. Já verificamos que os números de passaporte pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano”, declarou Delfino.
El fiscal Federico Delfino explica en conferencia de prensa sobre los procedimientos realizados en torno a la investigación llevada a cabo por la Fiscalia sobre documentos a nombre del jugador brasileño Ronaldinho pic.twitter.com/tx6x1or8bd
— Fiscalía Paraguay (@MinPublicoPy) March 5, 2020
Além dos passaportes, os R10 e Assis apresentaram carteiras de identidade do Paraguai, que teriam sido emitidas em dezembro do ano passado. A promotoria diz que os dois saíram do Brasil usando documentos nacionais, mas teriam recebido os documentos paraguaios em uma sala VIP do Aeroporto Silvio Pettirossi, ao chegaram na capital paraguaia.
O ABC Color apontou que o empresário Wilmondes, de 45 anos, foi detido pela polícia enquanto jantava com Ronaldinho Gaúcho e Assis, no mesmo hotel em que os dois estavam hospedados.
“Eles não fizeram nenhum processo para obter a nacionalidade paraguaia. Disse que foi um presente das pessoas que o trouxeram ao país. Segundo entendemos, fizeram a imigração paraguaia com este documento, mas saíram do Brasil com documentação brasileira”, acrescentou Federico Delfino.
Segundo o comandante da Polícia Nacional do Paraguai, Sergio Resquín, uma empresa chamada “Grupo Beck” solicitou escolta para a chegada de Ronaldinho no país, pedindo o apoio de duas motos e uma viatura durante sua permanência no país. Devido a operação, as autoridades teriam demorado a notar que havia um problema com a documentação de Ronaldinho.
“Quando nos comunicaram que essa pessoa (Ronaldinho) entrou com passaporte paraguaio, a primeira coisa que foi feita foi chamar o setor de Identificações. Buscamos se esse passaporte foi emitido, e nos disseram que não emitiram esse número lá. Mas pelo número do documento, se comprovou que esse passaporte foi emitido pelo setor de Identificações. A investigação vai continuar”, disse Sergio Resquín.
Caso Ronaldinho: Fue allanada la suite donde está hospedado Ronaldinho. Se encontraron, documentos varios, C.I. y pasaportes paraguayos con los nombres de Ronaldinho y su hermano. Investigación en curso. pic.twitter.com/8cqHaEI5rS
— Fiscalía Paraguay (@MinPublicoPy) March 5, 2020
Ronaldinho Gaúcho chegou ao Paraguai para participar de um evento para arrecadação beneficente para crianças e lançar a biografia chamada “Gênio na vida”. O astro passou a tarde em um hotel que recebeu a cerimônia realizada pela empresa Dalia Lopez.
Embora tenham apresentado passaportes falsos e documentos de identidade paraguaios na entrada em Assunção, Ronaldinho e Assis precisavam apenas de uma identidade brasileira para entrar no país. Isto se dá pelo acordo diplomático na região do Mercosul, que permite a viagem entre os países da região apenas com tal documento.
Recentemente, os irmãos tiveram seus passaportes originais retidos no Brasil e ficaram proibidos de deixar o país ou renovar os documentos. Esta foi uma decisão judicial para um processo por dano ambiental na Justiça do Rio Grande do Sul.
Em setembro, a família Assis Moreira e a Justiça chegaram a um acordo e receberam os passaportes de volta. O valor da indenização devida passava de R$ 8,5 milhões.