A Audi está diante de uma “tarefa enorme” para transformar a Sauber, equipe que controla desde o início deste ano, em um time vencedor na Fórmula 1. A declaração foi feita pelo chefe Mattia Binotto, que assumiu como diretor de operações e diretor técnico da escuderia em agosto. A fabricante alemã entrará oficialmente na Fórmula 1 em 2026, mas já detém o controle da equipe suíça.
Binotto, ex-diretor da Ferrari, destacou o tamanho do desafio. “Não é apenas escalar uma grande montanha, é escalar o Everest. Isso levará vários anos”, afirmou em entrevista à BBC Sport. O dirigente é claro sobre as ambições da Audi no esporte: “Nosso objetivo é, até o final da década, sermos capazes de lutar pelos campeonatos”.
A situação atual da Sauber não é animadora. A equipe ocupa a última posição no campeonato de construtores da temporada e, com seis corridas restantes, ainda não pontuou. A Audi assumirá 100% da propriedade da Sauber no início do próximo ano, mas Binotto apontou as complexidades desse processo como um dos fatores que contribuíram para a queda de desempenho. “Quando você começa a olhar os detalhes, percebe a grande diferença para o que eu conhecia da Ferrari. A lacuna é grande, seja em termos de tamanho, número de pessoas, mentalidade, ferramentas ou instalações”, explicou.
Apesar dos desafios, Binotto rebateu especulações de que a Audi poderia desistir do projeto de Fórmula 1 devido a questões internas no Grupo Volkswagen, proprietário da marca. “Podemos afirmar claramente que não há riscos. Os programas de F1 realmente se encaixam com a marca e a visão da Audi”, garantiu. Ele também reafirmou o compromisso de longo prazo da empresa com o esporte: “Estamos na F1 até vencermos e depois disso. Entramos para ficar e nos tornar uma equipe vencedora.”
A contratação de Binotto foi parte de uma mudança estrutural dentro da Audi, que demitiu a antiga liderança formada por Andreas Seidl e Oliver Hoffmann. A nova gestão será composta por Binotto e Jonathan Wheatley, atual diretor esportivo da Red Bull, que assumirá como chefe de equipe no próximo ano. “A colaboração certamente será frutífera”, afirmou Binotto, destacando a divisão de responsabilidades: ele comandará as fábricas na Suíça e Alemanha, enquanto Wheatley ficará à frente da equipe de corrida.
Binotto também explicou que parte das dificuldades atuais da Sauber se deve ao foco direcionado para o projeto de 2026, o que impactou o desenvolvimento para as temporadas de 2024 e 2025. “Alguns planos estratégicos foram discutidos, mas ainda não executados. A Sauber ficou em um limbo por um tempo”, revelou.
The soon-to-be Audi team is by far #F1’s slowest right now, with Sauber’s points drought stretching over a year, but there’s a gamble it can take for 2025 to inject some much-needed verve 👀 pic.twitter.com/sdcq0qxCIs
— The Race (@wearetherace) October 13, 2024
A Audi foi atraída para a Fórmula 1 pelas novas regulamentações de motores, que entrarão em vigor em 2026, aumentando a proporção de energia elétrica utilizada para cerca de 50% e introduzindo combustíveis totalmente sustentáveis. Para Binotto, essa mudança representa “a alternativa certa ao totalmente elétrico”.
No que diz respeito ao alinhamento de pilotos, a Audi já assinou um contrato de vários anos com o alemão Nico Hulkenberg, mas ainda não definiu seu companheiro de equipe. Binotto revelou que a equipe está avaliando entre contratar um novato que possa crescer junto com o time ou um piloto experiente, capaz de ajudar no desenvolvimento da equipe a curto prazo.