No dia 31 de dezembro acontece mais uma edição da São Silvestre, mais de 25 mil pessoas são esperadas na última corrida do calendário nacional de 2023. Em 2014, o jornalista Vicent Sobrinho foi convidado pelo antigo Jornal Corrida (agora Sportbuzz Corrida), para entrevistar o tricampeão, Marilson Gomes. a matéria saiu em uma edição especial do jornal em dezembro daquele ano. Resgatamos a entrevista aqui para você.
Afinal , Marilson é o último brasileiro a subir no topo do pódio da São Silvestre. Se existe alguém que pode falar com propriedade sobre essa competição é ele. Na entrevista, o maratonista respondeu algumas perguntas sobre a prova. E, ainda hoje, as respostas trazem valiosas dicas para quem vai fazer a prova. É impossível ignorar as dicas desse especialista. Confira o que Marilson disse sobre a São Silvestre.
Está chegando o dia “D”. Aquele momento que o corredor se preparou o ano inteiro. O que significa, o que é mais importante agora?
Tranquilidade! Eu sou muito tranquilo, nos dias que antecedem as provas, mesmo sendo a São Silvestre, reajo sempre com tranquilidade, é importante relaxar, dormir bem.
É possível fazer isso mesmo antes de uma prova decisiva?
A ansiedade sempre existe, o fator principal é chegar no dia da prova bem, inteiro, se você fez tudo certinho, treinou com segurança, dará tudo certo. São os treinos que nos oferecem essa confiança!
Qual sua estratégia para chegar bem numa prova?
Normalmente, uns 10 ou 15 dias antes, eu fazia um teste num percurso semelhante para saber como irei reagir, como está o corpo, é um toque final para o dia da prova.
E o nervosismo? Você nunca ficou nervoso?
Sim, lógico! Faz parte e por mais que você tenha experiência, que eu tenho corrido no Brasil, ou no exterior, no dia “D” o friozinho na barriga é inevitável. Acho que um dos segredos é saber controlar isso. Senão nós mesmos acabamos estragando a prova antes da hora, atrapalhando aquele que seria o grande dia de correr participando com qualidade, conforme foi planejado.
Até que ponto a forma de pensar pode interferir numa prova?
Para um corredor que busca tempo, não há outro evento esportivo na mesma data. É o principal evento do mês, é importante saber que a parte mental tem que te ajudar, senão ela pesará muito. Eu cheguei a vencer uma das edições da São Silvestre principalmente por saber não desesperar e manter o equilíbrio emocional. O que você fizer naqueles quilômetros irá refletir não só naquele dia, mas em toda sua via esportiva, seja profissional ou amador.
Qual a estratégia para antes a prova?
Cada prova é única. Mas, pessoalmente, eu sempre fui atrevido, se estou preparado, não tomo conhecimento, vou na minha, disparo e quem quiser vir atrás que venha, se eu estou me sentindo bem, não me preocupo com nada, vou até onde posso, os quenianos são muito assim também!
Como foi quando subiu pela primeira vez no pódio da São Silvestre?
Exatamente dessa forma. O Paul Tergat já era um nome a ser batido. Eu arrisquei tudo, abri uma certa vantagem e eles vieram buscar só no meio da Brigadeiro. Era minha segunda participação na São Silvestre, foi um aprendizado, eu estava começando, corria sem compromisso. Curti a prova. Foi a que mais aproveitei.
E chegar em primeiro, como foi?
A primeira vitória foi em 2003 e a última foi 2011. São oito anos de diferença de uma vitória para outra, com o titulo também em 2005. Correr a São Silvestre passou a ser com muito mais responsabilidade.
Qual é a sua dica para quem irá largar na Paulista, dia 31 de dezembro?
A dica que eu dou é o que sempre faço: não invente nada. Faça o que você faz sempre, não mude nada no dia, nem na semana da prova. A sua corrida tem que ser uma continuidade de seus treinamentos, não importa. Assim é para tudo, alimentação, hidratação, descanso. Tem que fazer o que você vem realizando na semana, no mês e boa prova!
Confira mais sobre corrida em nosso site.