Por Leonardo Fabri
Michael Langhi encerrou sua carreira como atleta em 2019, após conquistar os principais títulos do jiu-jitsu mundial, e desde então passou a concentrar sua atuação na formação de alunos, instrutores e atletas dentro da Alliance Jiu-Jitsu, equipe da qual é um dos líderes técnicos e gestores. Faixa-preta formado por Rubens Charles, o “Cobrinha”, Langhi integra um grupo restrito de atletas que venceram mais de uma vez os quatro principais torneios da modalidade com quimono: Mundial, Europeu, Pan-Americano e Brasileiro.
Ao explicar a transição, Langhi afirma que o movimento foi natural. “Eu senti que já tinha entregado tudo o que eu podia no âmbito esportivo. A partir dali, fez sentido assumir outro papel dentro da equipe e ajudar a construir o caminho de outras pessoas”, disse. Segundo ele, a principal mudança foi deixar de pensar na própria performance para passar a olhar o desenvolvimento coletivo. “Quando você é atleta, você organiza o mundo em torno do seu treino. Como professor e líder, você passa a organizar o trabalho em torno do grupo”.
Hoje, Langhi é CEO e sócio de unidades da Alliance em São Paulo e no interior, com atuação direta nas sedes da Vila Olímpia, com cerca de 1 mil alunos, e do Jardins, com mais de 500. A unidade da Vila Olímpia funciona como a matriz e concentra o maior volume de praticantes da equipe no país. A academia também ficou marcada por formar mais de 40 campeões mundiais ao longo de sua história, entre eles nomes como Bruno Malfacine, Rubens Charles “Cobrinha” e Marcelinho Garcia, atletas que construíram suas trajetórias a partir do trabalho desenvolvido no local.
Além da gestão, Langhi atua diretamente nas aulas e no acompanhamento de atletas em formação. Ele afirma que não existe um “método Langhi”, mas sim a aplicação da metodologia construída pela Alliance ao longo dos anos. “Não é um jeito meu, é o jeito da Alliance. A metodologia dá a base técnica. Em paralelo, a gente trabalha valores e comportamento, porque o jiu-jitsu também forma pessoas”.
Segundo ele, apenas uma parte dos alunos tem foco competitivo. “Os competidores representam cerca de 3% do público. A maioria busca qualidade de vida, disciplina e desenvolvimento pessoal. O jiu-jitsu é uma ferramenta para isso”. Para Langhi, esse uso do esporte exige responsabilidade. “A gente não entrega só técnica. A gente transmite valores como respeito, ética, coragem e a capacidade de não desistir quando as coisas ficam difíceis”.
Além do trabalho técnico, Langhi também atua na gestão das academias, cuidando de processos, pessoas e cultura organizacional. “Quando você está à frente de uma empresa, suas decisões afetam outras pessoas. Por isso, é importante ter valores claros e uma cultura bem definida dentro das academias”, afirmou.
Sobre o que busca em futuros instrutores, Langhi destaca a relação com o ensino e com as pessoas. “Você precisa amar o jiu-jitsu, mas também precisa entender de gente. No fim do dia, a gente lida com pessoas, não só com posições”. Ele afirma que aprendeu isso com o tempo. “Se eu tivesse entendido mais cedo como gerenciar pessoas, minha caminhada teria sido mais simples”.
Ao falar sobre motivação, Langhi diz que ela não mudou com o fim da carreira competitiva. “O que me faz entrar no tatame hoje é o mesmo que me fazia entrar antes. Eu gosto de estar ali”. Ele afirma que sua maior satisfação hoje está nos alunos. “Ver alguém conquistar algo que parecia impossível para ela vale mais do que qualquer medalha para mim”, concluiu.





