Maradona x Pelé: a disputa que nunca foi apenas futebol simboliza um dos maiores duelos da história do esporte. Mais do que estatísticas, a rivalidade entre Diego Maradona e Pelé reflete questões culturais, políticas e emocionais que ultrapassam o gramado e marcam gerações.
Qual é a origem da rivalidade entre Maradona e Pelé?
A comparação entre os dois começou ainda nos anos 1980, quando Maradona, em plena ascensão no futebol europeu, passou a ser apontado como possível sucessor de Pelé, ícone brasileiro desde os anos 1960. As origens distintas — um vindo de Buenos Aires, outro de Três Corações — já evidenciam um pano de fundo cultural diverso.
Enquanto Pelé era exaltado como símbolo da disciplina e do sucesso esportivo associado ao Brasil, Maradona representava o espírito rebelde e apaixonado da Argentina. A rivalidade foi alimentada tanto pela imprensa quanto por declarações dos próprios jogadores.
O que diferencia os estilos de jogo de Maradona e Pelé?
Pelé era um jogador completo: rápido, técnico, com faro de gol e capacidade tática excepcional. Atuava como atacante, mas influenciava todas as áreas do campo. Sua visão de jogo e precisão nos passes o tornaram um estrategista nato.
Maradona, por sua vez, era o maestro do meio-campo. Com dribles curtos, controle de bola refinado e muita improvisação, criava jogadas imprevisíveis. Sua atuação na Copa de 1986, especialmente o gol contra a Inglaterra, eternizou seu estilo ousado.

Quais títulos e feitos ampliaram a rivalidade?
Pelé conquistou três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970), um feito inédito. Além disso, marcou mais de 1.000 gols e é símbolo eterno do Santos Futebol Clube. Foi considerado o Atleta do Século pela Fifa.
Maradona brilhou intensamente em 1986, quando levou a Argentina ao título mundial praticamente sozinho. Seu desempenho no Napoli, onde venceu dois Campeonatos Italianos e uma Copa da Uefa, o transformou em lenda na Europa.
Essa discrepância de conquistas coletivas e individuais alimenta o debate: o que pesa mais, títulos ou impacto cultural?
Como a mídia alimentou essa disputa?
Durante décadas, veículos esportivos colocaram Maradona e Pelé como polos opostos, em uma narrativa quase mitológica. Em programas de televisão, documentários e rankings de melhores da história, a pergunta “quem foi maior?” sempre gerava polêmica.
A própria Fifa, ao eleger os dois como “Melhores do Século XX” em votação dividida entre especialistas e público, reforçou a ideia de que não havia consenso.
Além disso, entrevistas com declarações provocativas — como Maradona dizendo que Pelé “calava a boca quando não tomava comprimido” — inflamaram ainda mais a rivalidade.
A rivalidade influenciou a cultura dos dois países?
Sim. No Brasil, Pelé é considerado um patrimônio nacional, exaltado como exemplo de superação e genialidade esportiva. Seu legado é defendido com fervor em escolas, museus e transmissões esportivas.
Na Argentina, Maradona é mais do que um jogador: é um símbolo de resistência, orgulho e identidade popular. Sua imagem está em murais, músicas e até cultos religiosos, como a Igreja Maradoniana.
O confronto entre os dois ídolos espelha também a rivalidade histórica entre os países no futebol sul-americano.
Quais mitos ou equívocos envolvem essa disputa?
Há quem diga que Pelé jogava em uma época fácil, com pouca marcação. Outros apontam que Maradona foi apenas um driblador individualista. Ambos os argumentos simplificam trajetórias complexas.
Também é comum ignorar que os dois sempre se admiraram em certos momentos. Em eventos públicos, trocaram elogios, mesmo após declarações polêmicas.
Outro mito é que o debate é puramente esportivo. Na verdade, ele envolve identidade nacional, política e sentimentos de pertencimento que extrapolam estatísticas.
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O que esse embate representa para as novas gerações?
Para os jovens fãs de futebol, Maradona x Pelé continua sendo uma porta de entrada para entender a história do esporte. Mesmo com novos ídolos como Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, a comparação com os lendários sul-americanos ainda é inevitável.
O embate também ensina sobre como o futebol se conecta com contextos sociais, geopolíticos e emocionais. Conhecer essa rivalidade é compreender como o esporte pode ser espelho de um povo.
Por que essa disputa permanece viva?
Mesmo após a morte de ambos, em 2020 e 2022, o debate continua. Documentários, séries, livros e memes alimentam a discussão. O legado de Pelé e Maradona está em campo sempre que a bola rola.
Na verdade, mais do que rivais, eles representam faces complementares da genialidade no futebol. Um simboliza o espetáculo técnico e diplomático; o outro, a emoção crua e rebelde.
O que podemos aprender com Maradona x Pelé?
O duelo entre Maradona e Pelé não é sobre quem foi melhor. É sobre como o futebol se tornou expressão de culturas, nações e emoções humanas.
Compreender essa rivalidade é reconhecer que o esporte, muitas vezes, transcende o próprio jogo. E talvez por isso essa disputa nunca tenha sido apenas sobre futebol.