A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, prestou depoimento nesta sexta-feira (18) na 5ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), em julgamento que analisa uma denúncia contra o atacante Dudu, atualmente no Atlético-MG, por ofensas misóginas. Durante sua fala, Leila fez duras críticas ao jogador, o chamou de “covarde” e detalhou a cronologia do caso.
“Quem sofre violência tem que denunciar: esses agressores são covardes. A maior prova eu estou vivendo aqui. Esse atleta me agrediu, me ofendeu, e cadê ele? Gravou um videozinho que deve ter lido no TP (teleprompter). Deve ter repetido 500 vezes pra ver se estava mais bonitinho, não é?”, afirmou Leila. “Devia estar aqui. Vem encarar uma mulher. Mas não. É muito mais confortável estar lendo no TP. Eles gostam de agredir no privado, no máximo em rede social, mas na hora de olhar no olho, não aparecem. Então a gente tem que denunciar e expor esses agressores.”
Dudu responde no STJD por declarações feitas em janeiro, quando usou as redes sociais para criticar Leila Pereira após sua saída do Palmeiras. Em uma das postagens, o atacante escreveu: “O caminhão estava pesado e mandaram eu sair pelas portas do fundo!!! Minha história foi gigante e sincera, diferente da sua senhora Leila Pereira. Me esquece. VTNC.”
Ver essa foto no Instagram
Dudu envia vídeo, pede desculpas, mas não comparece ao tribunal
O jogador, que havia se transferido ao Cruzeiro na época e depois acertou com o Atlético-MG, não esteve presente na sessão. No entanto, enviou um vídeo que foi exibido durante o julgamento, no qual pede desculpas pelo ocorrido.
“Primeiramente queria esclarecer o motivo do meu não comparecimento no tribunal, que eu respeito muito. Estou trabalhando, e também venho pedir desculpa a todas as mulheres que se sentiram ofendidas pela minha fala, pelo meu texto. Fica aqui meu pedido de desculpa”, disse Dudu. “Tenho esposa, tenho filha mulher, então prezo muito o respeito a elas e a todas as mulheres. E gostaria de pedir desculpa por não estar presente no tribunal.”
Leila Pereira denuncia misoginia e diferença de tratamento
Durante o depoimento, Leila reforçou que inicialmente tinha uma relação respeitosa com Dudu, com quem se reuniu duas vezes ao lado do diretor de futebol Anderson Barros. No entanto, segundo ela, a postura do jogador mudou após sua transferência fracassada para o Cruzeiro.
“O presidente do Cruzeiro, em duas ocasiões, disse que estaria arrependido com a contratação de alguns jogadores e ele [Dudu] tinha sido contratado recentemente. Depois perguntaram: ‘Dudu vai continuar?’, e ele fez um gesto como quem vai sair. Perguntaram para o Dudu: ‘O presidente fez esse gesto’, e ele responde: ‘Ele é o dono do Cruzeiro, pode falar o que quiser’. Por que não foi tão firme e grosseiro com o presidente do Cruzeiro como foi comigo? É simples. Porque eu sou mulher e o Pedrinho é homem”, declarou a dirigente.
Leila também foi questionada sobre uma publicação da jornalista Milly Lacombe, que comparou a repercussão de suas críticas a Dudu com o caso do técnico Filipe Luís, que fez duras observações públicas ao atacante Pedro, do Flamengo.
“Claramente [houve diferença]. E o que fiz em relação ao Dudu foi relatar um fato. Quando Filipe Luís relatou o fato, de forma até muito mais dura com relação ao atleta do Flamengo, eu não vi todo esse escândalo. Me incriminaram, dizendo: ‘nossa, Leila, com você é mimimi de mulher’. E por que não é com Filipe Luís? É clara a diferença de tratamento quando uma mulher se rebela e faz uma crítica, e quando é um homem. Isso é muito claro para mim.”
Entenda o caso Dudu x Leila Pereira
O atrito entre Leila Pereira e Dudu ganhou repercussão no fim de 2023, quando o atacante foi anunciado pelo Cruzeiro, mas voltou atrás e rescindiu contrato com o Palmeiras dias depois. Na ocasião, a presidente afirmou que o jogador “saiu pela porta dos fundos”. Dudu reagiu com a postagem ofensiva que deu origem ao processo.
Posteriormente, em entrevista, Leila voltou a abordar o tema com um tom contundente: “Se fosse um homem, ele não teria coragem de fazer isso como nunca houve na história do futebol brasileiro”, e completou em maio: “Não tenho dúvida que tudo o que esse atleta fez é porque sou mulher.”
