A eleição para o Conselho de Administração da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), realizada em março, terminou envolta em uma série de questionamentos jurídicos e acusações de irregularidades. O principal ponto de conflito foi a impugnação da chapa “O Atletismo Pode Mais”, liderada por Joel Lucas de Oliveira, presidente da Federação Paulista de Atletismo (FPA).

Segundo Joel, sua exclusão do processo eleitoral aconteceu de forma arbitrária e contrária ao estatuto da CBAt. O dirigente acionou a Justiça com uma petição protocolada no Fórum de Bragança Paulista, com o objetivo de restabelecer sua candidatura e suspender o resultado da eleição. “Encaminhamos uma petição e agora estamos buscando providências judiciais. Tenho certeza que a justiça vai prevalecer”, declarou pelas redes sociais.
Três chapas e uma exclusão contestada
O pleito teve inicialmente três chapas inscritas. A “Somos Atletismo”, encabeçada por Wlamir Motta Campos e o medalhista olímpico Edson Luciano, acabou vencedora. Outra concorrente foi a “Por um Atletismo Melhor”, liderada por Jerry Welton Gadelha e Sandro Vianna. Já a chapa “O Atletismo Pode Mais”, com Joel e Ethel de Menezes (presidente da Federação Sergipana), foi retirada da disputa após decisão da Comissão Eleitoral.
O pedido de impugnação partiu de Clodoaldo Lopes do Carmo, treinador do Esporte Clube Pinheiros, que apontou supostos problemas na prestação de contas da FPA, citando uma dívida ativa de R$ 14 milhões não apresentada em assembleia. No entanto, Joel contesta tanto a origem da denúncia quanto os argumentos.
“O treinador que entrou com o pedido não tem legitimidade, pois não faz parte da Assembleia Geral da CBAt. Primeiro, a comissão aceitou alegando que ele representava um clube da AG. Depois, quando ele afirmou que atuava de forma individual, a CE ainda assim manteve a impugnação, dizendo que ele era um ‘membro notório do atletismo’. Isso mostra a parcialidade da Comissão Eleitoral”, afirmou Joel.
Dívida contestada e acusações de parcialidade
Joel também nega qualquer irregularidade na prestação de contas da FPA. Segundo ele, a dívida mencionada tem exigibilidade suspensa por estar sendo contestada judicialmente. Além disso, reforça que a própria CBAt validou a regularidade da FPA pouco antes da assembleia, ao solicitar e aprovar os documentos exigidos para participação.
“A CBAt verificou tudo. Se estivéssemos inadimplentes, não poderíamos sequer participar da Assembleia Geral”, afirmou. Ele também apontou que, pelos mesmos critérios, o atual presidente da CBAt, Wlamir Motta Campos, também estaria inelegível, uma vez que a entidade nacional possui pendências financeiras.
Problemas na Assembleia e no processo eleitoral
Joel ainda detalhou falhas ocorridas durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que, segundo ele, comprometem a validade do processo eleitoral:
A Federação de Rondônia participou da votação mesmo estando inadimplente, com peso 2 em sua votação;
Membros virtuais votaram apenas na parte da tarde, sem registro de presença na sessão da manhã, o que alteraria a contagem de votos na prestação de contas;
A presidência da sessão eleitoral foi delegada à Sra. Magnólia, em afronta ao estatuto CBAt que determina que seja escolhido entre os membros da AG, não abrindo possibilidade de quem não é membro da AG poder ser eleito;
A Federação Mineira foi autorizada pelo presidente da CBAt a votar na prestação de contas, entretanto estava impedida de votar, e só foi divulgado isso à tarde, durante o período em que a votação estava com problemas, quando a secretária da AG fez conferência verbal das federações aptas a votar;
O sistema de votação digital apresentou instabilidade, com relatos de votos não registrados ou computados incorretamente;
O presidente da CBAt escolheu os membros da Comissão Eleitoral, a empresa auditora e a presidência da assembleia, o que, para Joel, fere a neutralidade exigida no processo.
“O processo foi marcado por falhas graves, manipulações e ausência de isenção. Não é apenas a minha candidatura que está em jogo, mas a legitimidade da eleição e o respeito ao estatuto da CBAt”, concluiu Joel.
A CBAt ainda não se pronunciou oficialmente sobre as alegações feitas pelo presidente da FPA. A eleição definiu Wlamir Motta Campos como presidente para o ciclo até os Jogos Olímpicos de Los Angeles-2028. No entanto, o resultado segue sob questionamento na esfera judicial.





