O São Paulo Futebol Clube, rumo ao seu centenário em 2030, desenvolve um robusto plano de reestruturação financeira. Contudo, a opção por se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) não está nos planos atuais do clube. A diretoria entende as tendências crescentes das SAFs no Brasil, porém prefere manter o clube como uma associação tradicional até o ano do centenário.
O discurso de Julio Casares, presidente do São Paulo, reflete essa visão. Conforme apontado por Eduardo Toni, diretor de marketing do clube, o São Paulo não pretende ser nem o primeiro nem o último a se transformar em uma SAF. A atual gestão não vê essa transformação como parte de seu planejamento para 2030. Mesmo com a possibilidade futura de converter-se em SAF, a ideia é que as ações do clube não sejam totalmente controladas por um único dono.
Qual é o plano de reestruturação financeira do São Paulo?
Parte essencial do plano do São Paulo para assegurar sua saúde financeira a longo prazo é a criação do “Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios São Paulo Futebol Clube” (FIDC). Este fundo foi idealizado para ajudar a recuperar o equilíbrio financeiro do clube e reduzir suas dívidas. Com a aprovação do Conselho Deliberativo, mais de 80% dos votos apoiaram a proposta que impõe limites ao aumento das dívidas a partir de 2025.
O planejamento detalhado do FIDC inclui estipulações como um teto para gastos em investimentos no futebol, a necessidade de um superávit anual e a redução das despesas salariais na administração. Essa disciplina financeira visa tornar o clube saudável e sustentável economicamente.
Quais são os modelos de negócio para o estádio do São Paulo?
No caso de uma eventual transformação em SAF, a gestão atual considera a possibilidade de segregar o estádio Morumbi dos ativos que poderiam ser vendidos. Inspirando-se no exemplo do Vasco, que não incluiu o estádio São Januário na venda das ações para a 777 Partners, o São Paulo planeja manter o Morumbi sob controle exclusivo do clube. Essa abordagem ressalta a importância do estádio como um patrimônio permanente do Tricolor.
O clube explora modelos de negócio inovadores para o estádio, sem abrir mão de sua posse. Equipamentos como o estádio representam valores intangíveis, algo que a diretoria do São Paulo acredita ser fundamental preservar.
Como o fundo de investimento ajuda na solução financeira?
A parceria com as empresas Galapagos Capital e OutField foi essencial para a criação do FIDC. Os investidores têm a oportunidade de aplicar em cotas do fundo, que utilizam recebíveis como direitos de transmissão, naming rights e patrocínios como garantias. Esse mecanismo visa a atrair recursos necessários para equacionar as finanças do clube.
A implementação desses gatilhos financeiros, aliada ao apoio estratégico dos investidores, busca assegurar o equilíbrio entre receitas e despesas no clube, facilitando a sustentabilidade financeira.
O plano de recuperação econômica do São Paulo Futebol Clube está pautado pela cautela e estratégia a longo prazo. O clube foca na redução das dívidas e na estabilização fiscal, sem recorrer, no momento, à transformação em SAF. Com medidas disciplinadas e iniciativas como o FIDC, o Tricolor busca criar um cenário favorável para seu crescimento sustentável até o centenário e além. O caminho traçado visa a preservar a essência do clube enquanto se adapta às novas dinâmicas do futebol.