Em plena temporada de ondas gigantes, Willyam Santana se prepara para enfrentar as ondas de quase 30 metros em Nazaré, reconhecido mundialmente como o paraíso dos big riders. Em entrevista exclusiva, o surfista brasileiro compartilhou sua trajetória até chegar ao maior palco de surfe de ondas gigantes e falou sobre as dificuldades e sonhos no esporte.
“Estamos no meio de uma tempestade aqui, e amanhã parece que vamos ter ondas gigantes. É muito gratificante representar o Brasil mundo afora”, relatou Willyam. O surfista explicou que estava indo para o porto de abrigo, onde ficam os jet skis que os levam ao mar. “Um dia antes, a gente testa a máquina, todos os equipamentos, entramos no mar mesmo se ele não estiver bom porque amanhã vai estar gigante e eu não quero testar nada nas condições extremas”, brinca.
“Agora eu vim em uma loja aqui do lado para comprar uns adesivos para colar no jet porque, igual placa de carro, tem que ter um número de identificação”, completou o atleta.
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Como Willyam entrou em contato com o surfe
A paixão pelo surfe surgiu na infância, durante uma visita à casa de um primo, onde viu uma prancha e revistas de surfe pela primeira vez. “Foi amor à primeira vista. Depois disso, comecei a surfar até no chuveiro, com tampa de isopor até ter minha primeira prancha” relembra.
A mudança para o Rio de Janeiro, aos 22 anos, foi o primeiro grande salto para a realização do sonho de viver do esporte. Com apoio modesto da família, Willyam deixou Aracaju, no Sergipe, para treinar em um dos principais polos do surfe brasileiro. “Sem dúvida, minha maior dificuldade foi largar minha família. Saí com R$ 1 mil, que meu avô me ajudou. Foi difícil, mas isso me tornou mais forte”, conta ele.
No Rio, ele fez amizades importantes e foi apresentado ao big rider Lucas Chumbo, que lhe emprestou a primeira prancha para enfrentar ondas gigantes em Puerto Escondido, no México. Após o desempenho surpreendente, Willyam foi convidado para surfar em Nazaré, onde já na primeira onda foi considerado um talento promissor. “Minha vida mudou depois dessa temporada, há quatro anos”, conta.
Acidente em Nazaré
A jornada para se tornar um big rider é intensa e cheia de riscos. Willyam recorda um episódio na última temporada, quando viveu o que chama de “a experiência mais assustadora da vida” ao ser derrubado por uma onda que o manteve submerso por um longo período. “Achei que ia morrer. Acionei o colete salva-vidas três vezes, mas ele não inflava. O cordão deu uma volta e eu acabei puxando o que desinfla. É raro, mas acontece”, diz.
“Felizmente, consegui emergir a tempo para ser resgatado pela equipe”, relembra o surfista, que acredita que o equilíbrio mental é fundamental para o surfe de ondas gigantes. “Se você não preparar sua mente, o físico não adianta”, afirma.
Free diving e objetivos futuros
Além do surfe, Willyam pratica free diving, um tipo de mergulho que aprimora sua capacidade de lidar com as exigências físicas do esporte, com um recorde pessoal de mais de cinco minutos sem respirar. “Isso me dá confiança, porque consigo ficar bastante tempo embaixo d’água”, revela ele.
Entre os planos para o futuro, Willyam sonha com a conquista de um campeonato em Nazaré e um swell gigante em Teahupo’o, no Taiti, onde as ondas desafiadoras atraem os melhores surfistas do mundo. “Quero surfar a maior onda do planeta”, declara, mostrando a mesma determinação que o levou das praias do Nordeste para o seleto time de big riders internacionais.