Jannik Sinner devia estar no melhor ano de sua vida. O italiano chegou ao cobiçado primeiro lugar no ranking da ATP e levou, no caminho ao topo, dois Grand Slams, os abertos da Austrália e dos Estados Unidos. Entretanto, um episódio acabou manchando o que seria um perfeito 2024 para Sinner. Um exame de doping apontou o uso de clostebol pelo tenista, um agente anabólico proibido pela Agência Mundial Antidoping (Wada, em inglês)
O escândalo deu-se em meio ao torneio de Indian Wells e, inicialmente, Sinner não recebeu nenhuma severa punição, perdendo apenas a premiação e pontuação do campeonato. A Agência Internacional de Integridade do Tênis (ITIA) e um tribunal independente aceitaram a explicação do número um do mundo sobre a contaminação por clostebol.
Segundo a versão apresentada, o fisioterapeuta Giacomo Naldi teria utilizado um spray contendo a substância para tratar uma lesão em sua própria pele, e, ao realizar uma massagem em Sinner, acabou contaminando o tenista. Mesmo após ser absolvido, Sinner tomou medidas drásticas, demitindo tanto o preparador físico Umberto Ferrara quanto Giacomo Naldi antes do início do US Open.
Agência Antidoping entra com recurso contra Sinner
No entanto, essas ações não impediram que a Wada entrasse com um recurso, reacendendo a possibilidade de uma suspensão para o tenista italiano.
“A WADA busca um período de inelegibilidade entre um e dois anos. Não busca a desqualificação de quaisquer resultados, uma vez que isso já foi imposto pelo tribunal de primeira instância”, afirmou a agência em comunicado oficial. Se considerado culpado, Sinner pode enfrentar até dois anos de suspensão.
Durante uma coletiva de imprensa no Aberto da China, Sinner revelou como tem lidado com a situação e o impacto emocional que a possível punição tem causado em sua vida. “Não é uma situação em que eu goste de estar. É algo muito delicado e difícil. Mas sempre tento lembrar que não fiz nada de errado. Tive noites sem dormir nos últimos tempos. Tento, de alguma forma, seguir focado no trabalho e fazer o melhor que posso a cada partida”, desabafou o tenista.
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A defesa do advogado de Sinner
Jamie Singer, advogado de Sinner e uma figura respeitada no campo do direito esportivo, também comentou sobre o caso. “Após o teste positivo de Jannik, com quantidades tão ínfimas, a ITIA optou por recorrer a um tribunal independente especializado, em vez de emitir um julgamento diretamente. Os três especialistas chegaram à conclusão de que o caso foi resolvido de forma correta”, declarou Singer à Gazzetta dello Sport. O advogado, contudo, expressou surpresa com o recurso da WADA, afirmando que, embora legítimo, o considera desnecessário.
“Ninguém está acusando Jannik de ter se beneficiado do clostebol. Por isso, seria injusto penalizá-lo no ranking ou no prêmio em dinheiro”, ressaltou Singer. “A WADA acredita que ele deve ser responsabilizado pela ação de sua equipe, e por isso pede punição. Estão dentro do direito de recorrer, e sabemos o quão complexo é o trabalho de supervisão antidoping. Ainda assim, acreditamos que o recurso não era necessário”, concluiu o advogado.