O jeito meigo não atrapalha a atuação de leoa dentro do mar. Não há frase melhor para resumir o que é a surfista Tatiana Weston-Webb. Aos 27 anos, a gaúcha é a única representante do país na elite do surfe mundial e segue em busca de novos sonhos. Classificada para a disputa dos Jogos Olímpicos de Paris-24, a brasileira quer muito mais para a carreira.
Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, Tati abriu o coração sobre o momento vivido na carreira e avaliou o que pode ser a sequência de temporada da WSL. Com cinco etapas antes do evento decisivo no ‘WSL Finals‘, ela sabe que a missão vai ser bastante complicada, mas se mostrou preparada e recuperada da lesão no joelho direito que vinha a afetando.
“Aconteceram algumas coisinhas difíceis neste ano. Eu sofri uma lesão em Bells e já estava surfando com ela em Bells e em Margaret River. Não foi muito fácil para mim. Eu estava me esforçando muito, sem fazer o free surf e só surfando as baterias. Isso tem tudo a ver com meus resultados. Eu acho que poderia ser uma situação diferente se eu não tivesse com essa lesão“, iniciou Tati.
“Já estamos trabalhando muito para melhorar essa lesão. Estou surfando cada dia melhor. Ainda com esse pouquinho de sofrimento da lesão. A gente está se preparando muito para essa próxima etapa. Sempre quando eu passo o corte fico muito mais livre, especialmente no meu surfe. Acho que consigo me soltar um pouco mais“, comentou a surfista brasileira na entrevista ao SportBuzz.
E a próxima etapa citada por Tatiana Weston-Webb vai acontecer no Surf Ranch, a piscina de ondas artificiais. Nos dias 27 e 28 de maio, as melhores surfistas vão estar na Califórnia, nos Estados Unidos, para buscar o título do evento. Apesar do desejo, Tati reconheceu que não vai ser fácil estar competindo por lá.
“O Surf Ranch é uma etapa super diferente, temos que surfar duas ondas de 40 segundos seguidos e isso é um exagero para o corpo, especialmente no surfe. A gente está preparando muito a parte física e a parte da alimentação para melhorar tudo o que a gente puder antes do evento começar“. No momento, Tati Weston-Webb é a sexta colocada do ranking mundial da WSL.
“Para o resto do ano, eu estou me sentindo super bem. Tenho grandes expectativas. São etapas que são bem fortes para mim. Vão ser muitos eventos. É tudo na sequência, a gente não tem muito tempo entre as etapas para recuperar, para trocar equipamento. Estou pensando que vai ser um grande desafio, mas com certeza me sinto super bem com meu time“, projetou Tati.
“O Comitê Olímpico Brasileiro também está me ajudando bastante. Parte de alimentação, de saúde, de preparação física. Você tem que ter um time em volta de você, especialmente quando vai ser um desafio tão grande como cinco etapas seguidas. Estou me sentindo bem porque meu time é incrível, e cada dia minha lesão fica melhor também“, completou a surfista.
Vice-campeã do mundo no ano de 2021, Tati Weston-Webb tenta se colocar entre as líderes do ranking para sonhar com uma vaga na etapa decisiva. Para isso, a brasileira vai ter que ficar entre as cinco melhores atletas ao final da temporada. E o segundo semestre costuma ser especial. Na última temporada, Tati foi campeã na África do Sul e ficou em terceiro em Teahupo’o.
“As etapas da segunda metade do ano são as melhores para mim. A última etapa do Surf Ranch fiquei em terceiro lugar e acho que tenho grandes chances de ir super bem lá. É uma onda que eu gosto realmente de participar. Me sinto super bem. Fora isso, como você falou, ganhei em J-Bay, o que me traz muitas lembranças boas. No Brasil também sempre consigo ir até as quartas de final para cima“.
Para mim é a parte do ano que eu realmente consigo ficar feliz em todas as etapas que estou correndo. É um sentimento diferente da primeira metade do ano. Primeira parte do ano estou sempre lá na pressão tentando fazer todos os resultados possíveis para passar do corte“, desabafou Tati.
Além da corrida pelo título mundial, Tatiana Weston-Webb já cumpriu outro objetivo traçado antes da temporada: a vaga olímpica. Já classificada às Olimpíadas de Paris-24, a surfista se mostrou animada para a disputa e rasgou elogios à onda de Teahupo’o, local onde o evento de surfe vai ser realizado nos Jogos Olímpicos do ano que vem.
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“Chopo foi a primeira etapa no ano passado e foi incrível para mim. Eu sonhei em ter esse evento para as mulheres no tour por muito tempo [eram 16 anos sem competição para as mulheres em Teahupo’o]. Em 2015, eu já estava perguntando: ‘quando vai ter a etapa das meninas lá. A gente merece’. Foi um sonho realizado. Senti que estava surfando Chopo sozinha. Felicidade total“.
As Olimpíadas acontecerem em Chopo já é uma coisa fora do normal. Ainda ter as mulheres competindo lá… e agora ter as Olimpíadas, o maior evento esportivo do mundo acontecendo em uma onda super difícil. A gente está fazendo tudo o que é possível para ficar 100% quando o momento chegar“.
Sempre citando a ajuda de seu time, Tati Weston-Webb sabe que o apoio vai ser fundamental para a tão sonhada conquista da medalha de ouro. E, segundo ela, subir ao lugar mais alto do pódio é seu maior sonho da carreira. Com seu técnico Ross Williams e com a ajuda do COB, a brasileira parece estar pronta para brilhar neste segundo semestre.
Em todos os anos que teve o top cinco, eu consegui ir até lá. Por enquanto, esse é o meu objetivo. Daí é um objetivo diferente depois. Tentar ganhar o título no dia que acontece a disputa. Eu acredito que pode acontecer com qualquer pessoa. Eu acredito que pode ser o meu dia. Um dia vai acontecer (risos)“.
“Mas também, fora disso, estou super feliz com a minha carreira. Venci etapas que jamais pensei que iria vencer. Mostra que posso fazer coisas que nem eu acreditava. Claro que é um sonho ganhar o título mundial. Mesmo assim, se não acontecer, estou super feliz com a minha carreira“,
Mas meu maior objetivo é ganhar a medalha de ouro nas Olimpíadas. Acho que vai mudar minha vida. Sempre tive esse sonho quando criança de participar das Olimpíadas e ganhar o ouro. Quando se tornou realidade ter surfe nas Olimpíadas já foi um sonho realizado, e agora tem um sonho maior aí“.