Pelo quarto ano seguido, o Brasil vai sediar o SLS Super Crown, a grande final do Campeonato Mundial de skate street. O evento acontece entre os dias 6 e 7 de dezembro, sábado e domingo, respectivamente, no Ginásio do Ibirapuera, na cidade de São Paulo.
Em entrevista exclusiva ao SportBuzz, Pedro Dau de Mesquita, diretor executivo da 213 Sports, agência que promove a SLS no país, falou sobre a presença da competição no Brasil. Confira.
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1. O Brasil chega à quarta edição consecutiva do SLS Super Crown, um feito inédito fora dos Estados Unidos. O que explica tamanha continuidade e por que São Paulo se tornou peça-chave para a liga?
O Brasil vive um momento único no skate. É o segundo mercado mais importante do mundo, em fãs e praticantes, alcance digital e engajamento real, atrás apenas dos Estados Unidos. Somado a isso, temos uma nova geração de skatistas vencedores e marcas parceiras que entendem que essa comunidade e cultura urbana entregam o valor e os resultados estratégicos.
São Paulo se tornou peça-chave porque reúne tudo o que a SLS precisa: é uma das principais metrópoles do mundo, infraestrutura urbana, rede de serviços e possui grande concentração de fãs da cultura de rua que conecta esporte, música, moda e lifestyle. A cidade é global, mas tem alma brasileira — isso faz o evento ganhar vida de uma forma que é impossível replicar em outros mercados brasileiros. São Paulo é a capital nacional do skateboard.
2. A edição de 2024 atraiu 16,5 mil pessoas ao Ibirapuera e mais de 14 milhões de telespectadores. Como esses números influenciaram a estratégia para 2025 e o que eles revelam sobre a força do evento no país?
A evolução da marca SLS e do evento Super Crown no Brasil desde 2022, comprovam que não realizamos uma simples etapa do Circuito Mundial, a etapa se tornou um fenômeno cultural. Os números mostram que a força do evento no país transcende o nicho esportivo e dialoga com a massa e especialmente com as gerações Z e Alpha.
Para 2025, eles reforçaram nossa decisão de ampliar experiências. Estamos investindo mais em ativações, conteúdo e a participação do público. A demanda crescente orienta a nossa estratégia para um engajamento real com as marcas e o fan experience no centro. As marcas já reconhecem a SLS como uma plataforma de negócios, quando temos milhões de pessoas assistindo e outras milhares presentes.
3. O Super Crown deixou de ser um encontro restrito ao público do skate e virou um programa para toda a família. Quais decisões criativas foram determinantes para ampliar esse alcance sem perder a essência do esporte?
O ponto central foi entender que o skate tem uma estética e uma narrativa próprias e que isso pode ser traduzido para diferentes públicos sem diluir sua identidade. Criamos experiências que respeitam a autenticidade da cena, mas que ao mesmo tempo são acessíveis e convidativas. Isso envolve desde o desenho das pistas e o storytelling visual até áreas de convivência e ativações que traduzem o lifestyle do skate. A essência permanece no centro, e o entorno se expande para acolher novos públicos.
O ponto central foi entender que o skate não precisa ser traduzido para o público geral – ele precisa ser experienciado. Ampliamos o evento em torno de outros pontos de contato que pertencem ao skate: música, convivência, lifestyle urbano, áreas instagramáveis, zonas de descanso e ativações que convidam a família a participar sem interferir na competição.
O segundo ponto foi o formato da arena. Evitamos criar um ambiente fechado e “de nicho” e optamos por um layout que aproxima o público dos skatistas, que valoriza a performance e mantém a energia viva. Isso faz com que o fã hardcore se sinta em casa, enquanto quem está entrando nesse universo consegue entender a dinâmica, vibrar e se emocionar.
E o terceiro é respeitar o protagonismo do skatista. Não transformamos a SLS num parque temático — a competição continua no centro de tudo. As ativações e experiências acontecem ao redor, como uma extensão natural da cultura do skate. Essa escolha preserva a essência, protege o esporte e permite que crianças, pais e novos fãs se conectem de forma verdadeira.
No fim das contas, o Super Crown virou um evento para toda a família porque o skate tem uma característica rara: ele acolhe.
4. O evento já apresenta sinais claros de FOMO, com ingressos esgotados e adesão crescente. Como a 213 Sports trabalha para transformar um campeonato esportivo em um acontecimento cultural que o público não quer perder?
A gente cria experiência, não só evento. O FOMO nasce da energia real: arena cheia, estética própria, skatistas protagonistas e uma curadoria que conecta skate, música e lifestyle. Quando o público percebe que ali existe uma cultura viva, surge a sensação de “eu preciso estar lá”. É pertencimento — e isso não se fabrica. É o resultado da força orgânica da comunidade.
5. O entorno do Ginásio do Ibirapuera se transforma em um hub de ativações, gastronomia e cultura durante o fim de semana da competição. Qual é o papel dessas experiências na construção do valor comercial do Super Crown?
As experiências externas ampliam o valor do Super Crown porque transformam o evento em permanência. O público não vai apenas assistir à competição — ele passa horas vivendo o skate, consumindo gastronomia, participando de ativações e se conectando com as marcas. Quando o fã fica mais tempo e cria memória afetiva, o valor comercial cresce. As marcas deixam de ser logo na pista e passam a ser parte da jornada: ambiente, conteúdo, interação e lifestyle. Esse é o diferencial do Super Crown no Brasil: ele gera uma economia de experiência — e não só um dia de campeonato. Isso aumenta a percepção de valor para patrocinadores, fortalece a comunidade e cria um motivo real para o público voltar ano após ano.
6. O SLS Super Crown movimenta comércio, hospedagem e turismo em São Paulo. De que maneira vocês avaliam o impacto econômico e social do evento na cidade e como esses dados influenciam negociações futuras?
Nosso monitoramento mostra impacto direto em setores como hotelaria, mobilidade, alimentação, serviços e entretenimento. A presença de fãs de diversos estados e países movimenta a economia local e fortalece a imagem de São Paulo como capital do esporte e da cultura urbana. Socialmente, o evento gera inclusão, promove acesso à cultura do skate e inspira novos atletas.
O SLS Super Crown consolidou sua força como um evento global. Este ano, entre os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal, apenas Roraima não registrou compras de ingressos, um indicador da ampla capilaridade nacional do campeonato.
No mercado internacional, os ingressos já foram comprados pelos fãs de todas as partes do mundo, com vendas registradas em países das Américas, Europa, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania. Entre eles estão Estados Unidos, Canadá, México, Costa Rica, países do Caribe, Colômbia, Chile, Peru, Argentina, Bolívia, Portugal, Espanha, Bélgica, Islândia, Inglaterra, Holanda, Suíça, Áustria, Nigéria, Israel, Tailândia, Japão e Austrália.
Esses dados são fundamentais nas negociações, eles mostram para o poder público e para marcas que o Super Crown não é apenas uma competição — é um motor de desenvolvimento local, que coloca São Paulo na vitrine global e cria oportunidades reais para o comércio, para os trabalhadores e para a própria comunidade do esporte.
7. Com a consolidação do modelo brasileiro, quais práticas adotadas em São Paulo já estão sendo observadas ou replicadas como referência pela própria SLS e por outros mercados internacionais?
O Brasil marcou um novo padrão de fan experience e de integração entre esporte, cultura e entretenimento. Hoje, vemos elementos como ativações imersivas, experiências familiares e curadoria cultural sendo estudados pela liga para outros destinos. O modelo de operação: incluindo logística, comunicação, cenografia e estratégia de conteúdo, também se tornou referência. A etapa do Brasil também foi precursora na elaboração de novas propriedades comerciais para dar mais retorno de marca para os nossos patrocinadores e São Paulo provou que é possível unir performance esportiva com atmosfera cultural, criando um formato híbrido que serve de inspiração para outras etapas internacionais da Liga.





