A fortuna de Ademir da Guia desperta curiosidade porque sua construção financeira não veio dos salários milionários típicos do futebol moderno. Ele fez carreira em uma época de pagamentos modestos, mas sua disciplina, longevidade e escolhas após a aposentadoria formaram uma base sólida. Essa combinação entre talento histórico e vida simples ajuda a entender como o ídolo escreveu uma trajetória esportiva e financeira única.
A trajetória de “O Divino” no futebol brasileiro
A carreira de Ademir da Guia começou cedo, marcada por herança familiar — seu pai era o lendário zagueiro Domingos da Guia — e por uma relação natural com o esporte. Ele se profissionalizou no Bangu em 1960, chamando a atenção pelo estilo sereno, inteligente e técnico. Esse início foi o ponto de partida para sua transferência ao Palmeiras em 1961, onde se tornaria um dos maiores nomes do clube.
No Palmeiras, o “Divino” escreveu uma das histórias mais emblemáticas do futebol brasileiro. Ele disputou 902 partidas, sendo o atleta que mais vestiu a camisa alviverde, e marcou 155 gols em 16 anos. Seu papel na famosa Primeira Academia do Palmeiras rendeu títulos como Taça Brasil, Torneio Roberto Gomes Pedrosa, Campeonatos Paulistas e o Rio-São Paulo de 1965.
Por que a Seleção Brasileira deu poucas chances a Ademir?
A pouca participação de Ademir da Guia na Seleção Brasileira é considerada uma das grandes injustiças da história do futebol nacional. Ele disputou apenas 14 jogos pela Seleção, e sua única Copa do Mundo foi em 1974, atuando apenas na disputa do terceiro lugar.
A concorrência na época também era gigantesca. Ele dividia espaço com Pelé, Rivelino, Gérson e Dirceu Lopes, todos protagonistas de suas gerações e com características mais ofensivas ou mais adaptadas ao esquema tático do Brasil. Ainda assim, quem viu Ademir jogar relembra sua inteligência, controle de bola e precisão nos passes, atributos que o tornaram um ídolo eterno mesmo sem grande presença na Seleção.

A vida pessoal simples e os carros que marcaram sua história
Na vida pessoal, Ademir sempre fugiu de ostentações, mantendo hábitos simples e familiares mesmo no auge da carreira. Ele não era fã de carros de luxo, e frequentemente escolhia modelos funcionais e discretos. Isso refletia sua personalidade calma, introvertida e focada no essencial, longe da imagem de celebridade que muitos ídolos do futebol carregam.
Entre os veículos marcantes de sua vida estão o Aero Willis 1968 e um Volkswagen SP2 recebido dos torcedores. Ainda assim, ele afirmava que seu sonho de consumo era um Fusca, por considerar qualquer gasto exagerado com carros algo supérfluo. Após a aposentadoria, manteve o estilo: em 1989, dirigia um simples Gol 1982. Esses hábitos ajudaram a preservar seu patrimônio ao longo das décadas.
Como Ademir da Guia construiu sua fortuna ao longo dos anos?
A fortuna de Ademir da Guia não veio do futebol, já que atletas de sua geração recebiam salários bem menores que os contratos atuais. Ele jogou em um período sem grandes patrocínios, bônus milionários ou direitos de imagem robustos, o que torna ainda mais notável sua estabilidade financeira. O que realmente impulsionou seu patrimônio foi a vida pós-carreira, marcada por escolhas conscientemente econômicas e foco em investimentos de longo prazo.
Após se aposentar em 1977, Ademir ingressou na política e foi eleito vereador em São Paulo, ampliando sua renda e abrindo portas para novas oportunidades. Além disso, investiu parte de seus ganhos em imóveis e participação em eventos esportivos, garantindo receita estável. Hoje, estimativas apontam que seu patrimônio gira entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões, resultado de disciplina financeira e de um estilo de vida sem excessos.
- Imóveis como base financeira: fonte segura e valorização constante ao longo dos anos.
- Participação em eventos: presença em ações comemorativas, palestras e homenagens pagas.
- Transição para a política: estabilidade salarial e visibilidade pública.
- Estilo de vida simples: baixo custo pessoal e foco em economia.
Conheça mais detalhes sobre a vida, carreira e fortuna do jogador neste vídeo:
No fim das contas, Ademir da Guia mostra que uma carreira brilhante aliada a escolhas sólidas constrói um legado esportivo e financeiro raro. Sua história combina talento, humildade e planejamento, revelando como um ídolo pode atravessar gerações tanto dentro quanto fora de campo.





