A história de sucesso no Manchester City é uma tradição de família para os Haaland. O pai de Haaland que foi ídolo no Manchester City é Alf-Inge Haaland, ex-jogador norueguês que defendeu o clube entre 2000 e 2003. Sua passagem, marcada por muita determinação, um polêmico episódio com Roy Keane e uma lesão catastrófica, criou um vínculo duradouro que seu filho, Erling Haaland, veio a coroar duas décadas depois com golos e títulos.
Quem foi Alf-Inge Haaland no futebol europeu?
Nascido em Stavanger, na Noruega, Alf-Inge Haaland, também conhecido como Alfie, construiu uma carreira sólida como volante ou lateral direito no futebol inglês. Ele começou no Nottingham Forest, sob o comando de Brian Clough, antes de se transferir para o Leeds United. Foi no Leeds que ele brilhou, ajudando o clube a chegar às semifinais da Champions League na temporada 2000/2001, conquistando respeito por sua capacidade física, entrega e leitura de jogo.
Sua marca registrada era a incansável capacidade de correr e pressionar os adversários, um estilo que antecipou o que se tornaria comum no futebol moderno. Foi esse perfil atlético e combativo que chamou a atenção do Manchester City, então um clube em processo de reconstrução, que o contratou em 2000. Sua chegada ao Etihad Stadium aconteceu antes da era de ouro dos petrodólares, quando o City ainda era um clube de meio de tabela.
Como foi a sua conturbada passagem pelo Manchester City?
A transferência de Alfie para o City foi recebida com otimismo. Ele rapidamente se tornou um jogador importante e um dos capitães da equipe, simbolizando a garra que os torcedores adoram. No entanto, sua passagem é eternamente lembrada por um evento traumático: o tackle brutal de Roy Keane. A rivalidade entre os dois, que começou no tempo de Haaland no Leeds, culminou em uma entrada criminosa de Keane, do Manchester United, em abril de 2001, que lesionou gravemente o joelho do norueguês.
Keane admitiu posteriormente em sua autobiografia que a entrada foi premeditada, uma vingança por um incidente anterior. Esse tackle mudou para sempre a carreira de Alf-Inge Haaland. Ele lutou por dois anos para se recuperar, mas os problemas no joelho persistiam. Após tentativas frustradas de retorno, ele se aposentou do futebol profissional em 2003, com apenas 30 anos, em uma despedida precoce e forçada. Abaixo o vídeo do perfil @retro_football_photo no Instagram mostra esse momento histórico.
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Qual é a verdade sobre a sua aposentadoria precoce?
A narrativa comum é que a entrada de Keane acabou com a carreira de Haaland naquele instante. A realidade é um pouco mais complexa. Embora o tackle tenha causado uma lesão séria, Alfie ainda disputou alguns jogos pelo City depois do episódio. Suas lutas contínuas contra dores e novas lesões no mesmo joelho, no entanto, tornaram sua continuidade impossível. A aposentadoria foi o desfecho de um longo e frustrante processo de recuperação que não vingou.
O legado de resistência de Haaland, porém, ficou. Ele processou Keane e o Manchester United por negligência, em um caso que foi resolvido fora dos tribunais. Mesmo com o fim trágico dentro de campo, os torcedores do City nunca esqueceram seu compromisso e o viram como um jogador que deu tudo pelo clube em uma época de menos recursos. Sua camiseta com o número 16 carregava um simbolismo de coragem.
Como essa história se conecta ao sucesso de Erling Haaland?
O vínculo sanguíneo é apenas a ponta do iceberg. Erling Haaland cresceu ouvindo as histórias do City, visitando o estádio e internalizando a cultura do clube desde pequeno. Quando a oportunidade de se transferir para o Manchester City surgiu em 2022, a decisão tinha um peso emocional profundo. Era a chance de concluir uma história familiar inacabada e honrar o legado do pai em um clube agora no topo do mundo.
Erling não apenas honrou, mas superou todas as expectativas. Em sua primeira temporada, quebrou recordes históricos da Premier League, foi artilheiro e conquistou a tríplice coroa (Premier League, FA Cup e Champions League). Cada gol seu no Etihad parece carregar um significado extra, um fechamento de ciclo. O filho não apenas vestiu a mesma camisa, mas levou o clube que o pai ajudou a construir a patamar que Alfie nem poderia sonhar.
O que a trajetória da família Haaland ensina sobre o futebol?
A história dos Haaland no City é um poderoso conto sobre legado, resiliência e evolução. Alfie representou o City da luta, da identidade e da superação contra adversidades. Erling representa o City do ápice, da excelência técnica e da dominação global. Juntos, eles personificam a própria jornada do clube, de um time combativo para uma potência incontestável.
Ela também mostra como as narrativas familiares acrescentam camadas profundas de emoção ao esporte. A redenção da família Haaland no Manchester City é uma das histórias mais bonitas do futebol moderno. Um pai que teve seu sonho interrompido por uma entrada violenta viu seu filho erguer as taças mais cobiçadas no mesmo gramado, vestindo as mesmas cores. É um lembrete de que, no futebol, o tempo às vezes tece suas próprias justiças poéticas.
O que podemos aprender com esta saga entre pais e filhos?
A saga dos Haaland vai além dos gramados. Ela fala sobre a transmissão de valores entre gerações. A ética de trabalho, a mentalidade competitiva e a conexão emocional com um clube foram herdadas por Erling. O sucesso estrondoso do filho é, de muitas formas, a culminação de uma jornada que o pai começou, marcada por obstáculos que foram transformados em combustível para a próxima geração.
Para os fãs, essa história enriquece a experiência de torcer. Cada celebração de Erling Haaland é também uma homenagem silenciosa a Alf-Inge. Isso nos faz refletir: quantas outras histórias familiares, de sacrifício e sonhos, estão por trás dos grandes astros que vemos brilhar hoje? A trajetória dos Haaland prova que, às vezes, o futebol é mais do que um jogo; é um elo que atravessa gerações e cura antigas feridas com a luz dourada dos troféus.





