Para o bom fã de esportes, é impossível não associar o nome Pelé com a alcunha de “Rei do Futebol”. O jogador revolucionou a modalidade, representou o Brasil pelos gramados e se sagrou como o melhor da história para a maioria dos torcedores. Como se o vocativo lhe pertencesse desde sempre. Mas, afinal, quando o atleta ganhou o título de majestade?
O jornalista Nelson Rodrigues foi o responsável por ‘coroá-lo’. Em 1958, Pelé marcou quatro gols na vitória de 5 a 2 do Santos contra o América-RJ, válida pelo extinto Torneio Rio-São Paulo. A atuação do jovem craque, que tinha apenas 17 anos e 8 meses na época, deixou o cronista em êxtase. Assim, nasceu o texto “A Realeza de Pelé”, publicado na revista ‘Manchete Esportiva’.
Trechos da crônica de Rodrigues sobre Pelé
“O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento”, escreveu Rodrigues.
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“E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: — ‘Quem é o maior meia do mundo?’ Ele respondeu, com a ênfase das certezas eternas: — ‘Eu.’ Insistiram: — ‘Qual é o maior ponta do mundo?’ E Pelé: — ‘Eu.’”
Além disso, Nelson Rodrigues cravou: “Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção que ninguém reage, e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé”.