Em nota divulgada na noite desta quarta-feira, 23, o Santos anunciou que Roberto Rabelato, gerente de controladoria do clube na gestão do presidente Orlando Rollo, pediu seu desligamento após ter sido acusado de racismo.
Em denúncia feita pelo advogado do clube, Cléber Pinto, que é negro, Rabelato abriu a porta de sua sala e disse “aqui é a senzala”. O gerente confirmou.
O caso de racismo foi divulgado em uma reportagem da ESPN, em que apresenta áudio da reunião no último dia 17 de dezembro, entre Cléber, Rollo e Rabelato, na qual o advogado fez a denúncia.
“Quando eu cheguei aqui, eu pensei que ia ser diferente. Porém, o Rabelato nunca me deu uma oportunidade. Ficou o tempo inteiro segurando as coisas. Tinha que ser do jeito dele, certo? Eu tenho 33 anos de advocacia, acho que alguma coisa eu entendo. Em nenhum momento tivemos um relacionamento. Ele mal olhava na minha cara, mal dava bom dia e dizia para mim que queria distância. Eu sou homem e não falava nada porque acho que é assim que tem que ser levado”, começou o advogado.
“Então estou falando na cara dele aqui, nos olhos dele. Que ele diga aqui que não abriu um dia a porta da sala lá e disse “aqui é a senzala”. Quero que ele diga isso, que não falou isso. Eu fiquei tão estupefato que eu não acreditei. Então quero que ele diga na minha cara que ele tem algum problema comigo por eu ser negro porque eu não acredito nisso. Agora, que ele falou isso na minha cara, ele falou. Mas ele não falou assim diretamente. Ele abriu a porta, olhou e falou ‘ah, aqui é a senzala’. Por que ele fez isso? Não sei. Está engasgado aqui”, completou o advogado.
No áudio divulgado, Rollo, que estava presente na reunião, alertou para a gravidade da acusação e prometeu marcar uma reunião com Rabelato. O gerente confirmou o que disse ao advogado.
“Procede, sim”, admitiu.
No comunicado divulgado em seu site oficial, o Santos afirmou “que todas as providências foram imediatamente adotadas quando os fatos foram narrados à direção do clube, quer seja em acionar o Departamento Jurídico, instaurar procedimento na Divisão de Inquérito e Sindicância e que fossem adotadas as devidas questões relativas à Polícia Judiciária”.
O time ainda se posicionou sobre outro caso relatado ao presidente Orlando Rollo. Uma integrante do de Recursos Humanos denunciou assédio moral praticado pelo superintendente administrativo e financeiro, Luiz Eduardo Silveira. Ela alegou ter sido humilhada pelo dirigente e fez diversas cobranças ao presidente, que não teria tomado nenhuma atitude após um mês de acusações. A funcionária acabou realocada de setor e, posteriormente, desligada.
“Quanto a questão do assédio moral, foram ouvidos todos os funcionários e não foi constatado qualquer indício nesse sentido. A citada funcionária foi realocada e testada em três setores diferentes sem conseguir aproveitamento satisfatório em suas atividades laborais, motivo pelo qual foi devidamente desligada”, informou o Santos.
Veja a nota do Santos na íntegra:
“Quanto aos fatos narrados, cabe explicar que todas as providências foram imediatamente adotadas quando os fatos foram narrados à direção do clube, quer seja em acionar o Departamento Jurídico, instaurar procedimento na Divisão de Inquérito e Sindicância e que fossem adotadas as devidas questões relativas à Polícia Judiciária.
Quanto a questão do assédio moral, foram ouvidos todos os funcionários e não foi constatado qualquer indício nesse sentido. A citada funcionária foi realocada e testada em três setores diferentes sem conseguir aproveitamento satisfatório em suas atividades laborais, motivo pelo qual foi devidamente desligada.
Salienta-se que o áudio captado se deu de maneira ilegal e sem o conhecimento dos presentes, porém a veiculação na mídia se deu de maneira deturpada e sem outros trechos importantes.
Sobre a questão da injúria racial, a vítima – o colaborador Dr. Cléber Pinto – destaca que recebeu todo o apoio da direção do clube e no vídeo aqui postado afirmou ter aceitado o pedido de desculpas e explicações do colaborador acusado, dando o caso por encerrado.
O Presidente Orlando Rollo, ainda na citada reunião, após ouvir atentamente ambas as versões, acenou por efetuar a prisão em flagrante e foi obstado pelo próprio Advogado “vítima”, o qual foi enfático em não desejar dar qualquer tipo de prosseguimento no caso.
Reitera-se, por fim, que o crime de injúria racial tem natureza de ação penal condicionada à vontade da vítima.
O SFC informa que o colaborador acusado se desligou do clube para que a apuração interna prossiga de maneira independente e livre de qualquer interferência na apuração dos fatos.”