A rivalidade entre Prost e Senna mudou as regras da F1 ao criar precedentes que exigiram da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) novas abordagens sobre segurança, ética e conduta esportiva. Os duelos entre Ayrton Senna e Alain Prost, durante os anos finais da década de 1980 e início de 1990, redefiniram os limites da competitividade no automobilismo.
Qual é a origem da rivalidade entre Prost e Senna?
A tensão entre os dois pilotos teve início em 1988, quando ambos passaram a dividir a mesma equipe: a McLaren-Honda. Desde a primeira temporada juntos, ficou evidente que havia um conflito de estilos, personalidades e visões sobre o esporte. Senna era impulsivo e agressivo nas pistas; Prost era metódico e estratégico.
Em 1989, o clima de desconfiança se agravou após um episódio polêmico no GP do Japão, quando os dois colidiram. Prost saiu da corrida, Senna venceu, mas foi desclassificado. A partir daí, a disputa extrapolou os boxes e chegou à direção da FIA.
Quais fatos poucos conhecem sobre esse duelo?
Muitos não sabem que Prost, ao sair da McLaren em 1990, assinou com a Ferrari e continuou enfrentando Senna, agora campeão mundial. O episódio mais emblemático dessa fase ocorreu novamente no GP do Japão, quando Senna, em clara retaliação ao que havia acontecido no ano anterior, colidiu com Prost na primeira curva, selando o título.
Outro fato pouco divulgado é que a rivalidade também influenciou decisões de bastidores. Senna acusava a direção da FIA de favorecer Prost, que era próximo ao então presidente da entidade, Jean-Marie Balestre. Esse clima pressionou a entidade a rever sua postura institucional e criar protocolos mais neutros.

Quem foram as figuras mais marcantes dessa história?
Além de Senna e Prost, a figura de Ron Dennis, chefe da McLaren, teve papel crucial. Ele tentou gerenciar a tensão entre os dois sem sucesso, e sua equipe enfrentou rachas internos inéditos. Outro nome-chave foi Balestre, que atuava diretamente em decisões que interferiram no resultado dos campeonatos, sendo muitas vezes acusado de parcialidade.
A mídia, especialmente na França e no Brasil, teve grande influência na amplificação da rivalidade. Jornais e emissoras retratavam os pilotos como antagonistas épicos, aumentando a tensão entre as torcidas.
Como a rivalidade influenciou as regras da Fórmula 1?
Após os eventos de 1989 e 1990, a FIA reformulou normas ligadas à conduta de pilotos. Uma das principais mudanças foi o endurecimento nas penalidades por colisões intencionais ou comportamento antidesportivo. Além disso, a entidade adotou um código de ética mais rígido e alterou o processo de julgamento de incidentes em corridas.
A forma como os títulos eram decididos também passou por revisões. A partir dos anos 1990, critérios como desempate por maior número de vitórias e revisão pós-corrida foram estruturados com mais clareza para evitar polêmicas semelhantes às vividas entre Senna e Prost.
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Quais mitos cercam essa rivalidade?
Um dos principais equívocos é pensar que os dois se odiavam até o fim. Apesar das brigas públicas e dos confrontos diretos, Senna e Prost se reconciliaram antes da morte do brasileiro em 1994. Em entrevistas posteriores, Prost revelou que mantinham contato frequente e que foi convidado por Senna para ser seu conselheiro técnico na F1.
Outro mito comum é que apenas Senna foi agressivo. Prost também utilizou táticas polêmicas, como bloquear negociações internas da McLaren e interferir nos bastidores da FIA, mostrando que a rivalidade era mútua, tática e emocional.
Qual é o impacto para as novas gerações?
A rivalidade entre Prost e Senna é constantemente citada por pilotos atuais como um marco de intensidade esportiva. Nomes como Lewis Hamilton e Max Verstappen já reconheceram a influência dos dois ícones no estilo de pilotagem moderno.
Para a Fórmula 1, o legado mais duradouro é a valorização da ética esportiva. O que antes era uma “guerra fria” entre pilotos se tornou uma preocupação institucional com justiça e segurança, refletida em novas tecnologias, direção de prova mais autônoma e uso de recursos como o VAR da F1 (sistema de revisão por vídeo).
O que a Fórmula 1 aprende com essa rivalidade histórica?
A rivalidade entre Senna e Prost mostra que paixão e conflito podem impulsionar a evolução de um esporte. Foi por causa da tensão entre os dois que a F1 passou a se repensar, se modernizar e a criar barreiras claras para atitudes antidesportivas.
Esses duelos intensos revelam que o automobilismo não é apenas uma disputa de velocidade, mas um jogo de estratégia, caráter e diplomacia. E é justamente essa complexidade que mantém a Fórmula 1 tão fascinante e relevante.