Gabriel Bortoleto já deixa seu nome na história brasileira da Fórmula 1. O jovem de 20 anos, que defende a Sauber na elite do automobilismo, conquistou os primeiros pontos da categoria no último final de semana, pelo GP da Áustria. Após uma performance surpreendente no qualy, o piloto sustentou sua posição no domingo e ficou entre os dez primeiros no RB Ring.
Felizmente, a maior parte dos fãs de F1 entende o cenário em que se encontra Bortoleto: conduzindo o pior carro entre as dez equipes. Sendo assim, P8 é quase um pódio simbólico, ainda mais com a ausência brasileira que perdurava desde 2017, quando Felipe Massa ainda corria com a Williams.
Ayrton Senna disse em uma de suas entrevistas mais marcantes, concedida ao programa Roda Viva, que o brasileiro só se importa com o vencedor; basicamente chamou o povo de “mimado” no que diz respeito a conquistas esportivas. Dentro das circunstâncias impostas no final de semana, Gabi conseguiu uma pequena vitória, necessária no caminho das grandes. Um passo de cada vez.
O próprio Bortoleto admitiu recentemente que vê o desafio com certa pressão. Ser o responsável por representar o país, sozinho, após um ‘recesso’ de oito anos não é tarefa fácil, independentemente do preparo desde os tempos de kart quando pequeno até a conquista do título recente na F2. Nada realmente se iguala a ser um jovem de 20 anos no principal assento do automobilismo.
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Mesmo com as complicações na Sauber, Gabriel parece lutar pelo seu espaço na categoria. Discute e questiona estratégias, se aproxima de figuras que podem aconselhá-lo – como o colega Nico Hulkenberg, o empresário Fernando Alonso e o ‘parça’ de live Max Verstappen – e foca em se adaptar ao máximo ao carro.
Quanto ao brasileiro, resta a mais difícil e recompensadora virtude: a paciência. Gabriel Bortoleto jamais será Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet ou Felipe Massa. E que bom! Ele terá a oportunidade de construir o próprio legado ao lado de grandes nomes do país ao invés de viver à sombra deles, se tudo correr bem.
A retomada do orgulho nacional no esporte começa pela fé e pelo acolhimento. Que o piloto de Osasco seja capaz de se blindar da ‘toxicidade’ do público que só aceita vencedores sem a sabedoria proporcionada pelos percalços dos reveses.