O Sport Clube Metropol completou recentemente 80 anos e carrega uma trajetória que mistura glórias, desafios extremos e uma paixão que atravessa gerações. Mesmo após décadas fora do futebol profissional, o time segue vivo na memória dos torcedores e voltou às competições oficiais depois de mais de meio século afastado.
Como o Metropol surgiu e por que cresceu tão rápido na década de 60?
O clube nasceu em 1945, em Criciúma, idealizado pela Carbonífera Metropolitana como forma de oferecer lazer aos trabalhadores das minas e aliviar tensões sociais durante um período marcado por conflitos entre capital e trabalho. Cada mineradora mantinha seu próprio time, e isso impulsionou a criação de uma rivalidade intensa e positiva no cenário esportivo local.
Com a profissionalização do futebol em 1959, o Metropol ganhou investimentos diretos da empresa, juntou mineiros e atletas contratados e rapidamente se transformou em uma potência estadual. Ainda na primeira metade da década de 60, o time já era considerado por muitos como o maior clube de Santa Catarina.
Quais fatos marcaram a era de ouro do Metropol?
A década de 60 marcou o auge da equipe, com títulos, excursões internacionais e campanhas que colocaram o clube entre os grandes do país. Esse período criou a identidade histórica do time e fortaleceu o simbolismo do “carneiro”, apelido que nasceu dos protestos dos trabalhadores e virou marca da torcida.
Alguns momentos foram tão marcantes que moldam a memória esportiva da cidade até hoje. Entre os mais importantes, estão:
- Tricampeonato Catarinense (1960–1962): consolidou o clube como referência estadual.
- Excursão Europeia de 1962: 23 jogos em cinco países, com ótimo desempenho e reconhecimento nacional.
- Taça Brasil de 1968: campanha histórica que levou o time ao Maracanã contra o Botafogo de Zagallo.
- Apelido “Real Madrid Catarinense”: criado pela imprensa de Florianópolis devido ao domínio esportivo.
- Quinto título catarinense em 1969: a última grande conquista antes da interrupção das atividades profissionais.

Por que o Metropol deixou o futebol profissional?
O fim da era de ouro aconteceu logo após o título estadual de 1969. A sociedade entre as famílias Freitas e Guglielme, responsáveis pelo suporte financeiro da carbonífera e, consequentemente, pelo clube, chegou ao fim. Sem a estabilidade econômica que sustentava o projeto, manter o futebol profissional tornou-se inviável.
Assim, o Metropol encerrou sua história no alto rendimento com números impressionantes: 466 jogos, 275 vitórias, 103 empates e apenas 88 derrotas. A partir de então, o time passou a disputar apenas competições amadoras, mantendo o nome vivo, mas distante do protagonismo que marcou sua trajetória.
Como foi o retorno do Metropol ao cenário esportivo?
Depois de exatos 52 anos afastado, um novo projeto de revitalização iniciado em 2019 abriu caminho para o retorno. Em 2022, o Metropol voltou ao calendário oficial da Federação Catarinense de Futebol, começando pelas categorias de base e restabelecendo sua presença formal no futebol organizado.
No vídeo abaixo, é possível ver a celebração dos 80 anos do clube:
A paixão de dirigentes e torcedores — especialmente a do atual presidente, José Clésio Salvaro, o “Ké” — mantém viva a esperança de que o clube possa se reerguer. Com o patrimônio estrutural preservado e a tradição ainda pulsando, muitos acreditam que o Metropol ainda pode reencontrar o brilho que marcou sua história.





