O que começou como uma solução improvisada para a própria academia de Jiu-Jitsu, se transformou em uma das maiores empresas do setor no Brasil. Os irmãos Caio e Felipe Wolga, faixas-pretas e apaixonados pela arte suave desde a adolescência, fundaram em 2014 a Taurun Company, marca especializada em tatames inovadores que hoje abastece academias de ponta em todo o país.
“Tudo começou quando fomos montar nossa primeira escola de Jiu-Jitsu, tínhamos 19 e 23 anos, respectivamente. Já tínhamos treinado em muitos tipos de tatames e nenhum atendia ao que queríamos. Então, decidimos fazer o nosso próprio”, lembra Caio. A experiência foi um divisor de águas: o material, ainda rudimentar, chamou a atenção de outros professores e donos de academia que enfrentavam os mesmos problemas — tatames difíceis de limpar, malcheirosos e pouco higiênicos.
A rotina dos irmãos era intensa. “Dávamos todas as aulas, limpávamos a academia durante a semana e, nos finais de semana, fabricávamos tatames para amigos. Foi uma fase cansativa, mas recompensadora”, conta Felipe. O boca a boca logo fez a demanda explodir: em pouco tempo, os Wolga já eram referência em São Paulo, instalando tatames para equipes renomadas como Gracie Barra, Alliance e G13.
A trajetória no Jiu-Jitsu foi essencial para esse processo. “Participamos de centenas de competições dentro e fora do Brasil, como Pan e Mundial. Essa experiência moldou nosso caráter e nos ensinou disciplina, foco e a lidar com pressão. Tudo isso foi aplicado no empreendedorismo”, explica Felipe.

O diferencial da Taurun está na inovação. A empresa desenvolveu tatames com borracha reciclada de pneus, garantindo conforto e absorção de impacto, além da exclusiva Hexafibra com tecnologia antimicrobiana patenteada, que previne a proliferação de fungos e bactérias. “Meu irmão quase perdeu a perna por uma infecção, então sabíamos da importância de investir em higiene. Hoje, a Hexafibra é, na nossa opinião, a melhor superfície de treino do mundo”, afirma Caio.
O crescimento exigiu organização. O escritório de 4 m² virou galpão, e a kombi velha deu lugar a uma estrutura com fábrica própria, equipe de instalação e processos de treinamento. “Assim como no Jiu-Jitsu não basta fazer o básico, no empreendedorismo tivemos que estudar gestão, padronizar processos e investir em pessoas”, diz Felipe.
Atualmente, a Taurun consome mais de 28 toneladas de borracha reciclada por mês, o equivalente a 50 mil pneus de carros por ano. Com clientes em todo o Brasil, a empresa já planeja os próximos passos: expandir internacionalmente. “Recebemos contatos de pessoas do mundo todo. Nosso objetivo é levar a Taurun para os Estados Unidos e Emirados Árabes. Não é simples, mas é como no Jiu-Jitsu: sempre buscamos desafios maiores”, destaca Caio.
Do improviso artesanal ao patamar de multinacional, os irmãos Wolga mostram como a combinação de disciplina esportiva, inovação e visão empreendedora pode transformar o mercado. “Queremos criar ambientes bonitos e higiênicos, que convidem mais pessoas a iniciar nas artes marciais. Esse é o nosso propósito”, conclui Felipe.