O futebol sempre teve em Pelé uma de suas figuras mais reverenciadas. Mesmo após sua aposentadoria, seu nome voltou aos holofotes com uma conquista singular: a Bola de Ouro honorária, concedida anos depois do fim de sua carreira. A pergunta que muitos se fazem é: como Pelé se tornou Bola de Ouro mesmo aposentado?
Esse reconhecimento tardio não foi apenas um tributo a uma carreira lendária, mas uma revisão histórica de um critério que, durante anos, impediu o Rei do Futebol de ser laureado. Neste artigo, vamos entender os motivos, o contexto, a decisão da revista France Football e por que essa homenagem ressignifica a história do maior jogador de todos os tempos.
Por que Pelé nunca ganhou a Bola de Ouro durante sua carreira?
A principal razão pela qual Pelé nunca ganhou a Bola de Ouro quando atuava profissionalmente era a restrição do prêmio a jogadores europeus. Criada em 1956 pela revista France Football, a premiação era exclusiva a atletas do continente europeu, excluindo nomes como Pelé e outros sul-americanos.
Mesmo sendo tricampeão mundial, artilheiro incontestável e um dos principais nomes da história do futebol, Pelé jamais foi elegível. Somente em 1995, com a vitória de George Weah, a regra mudou para permitir a participação de jogadores de fora da Europa. Mas, nesse momento, o Rei já havia se aposentado havia quase duas décadas.
O que motivou a France Football a premiar Pelé depois de aposentado?
A decisão da France Football de entregar uma Bola de Ouro honorária a Pelé aconteceu em 2014. A motivação foi uma revisão histórica dos próprios critérios da revista e o reconhecimento de uma omissão. Internamente, admitiu-se que, se o prêmio fosse mais abrangente, Pelé teria ganhado múltiplas vezes.
A honraria foi uma forma de corrigir uma injustiça simbólica. Ao reconhecer Pelé mesmo fora das condições originais do prêmio, a revista fortaleceu sua própria credibilidade e prestou uma homenagem definitiva à maior lenda do futebol mundial.
Quantas Bolas de Ouro Pelé teria vencido se fosse elegível?
Estudos informais feitos por analistas e jornalistas esportivos indicam que Pelé teria conquistado entre 6 e 7 Bolas de Ouro, caso estivesse elegível durante sua carreira. Anos como 1958, 1962 e 1970 são apontados como certezas absolutas.
Em alguns desses anos, Pelé dominou o futebol mundial, vencendo Copas, marcando gols em abundância e sendo eleito o melhor jogador por diversas entidades. Em 2016, a própria France Football publicou uma matéria simulando os resultados caso todos os jogadores fossem considerados desde 1956, com Pelé figurando no topo em diversas edições.
Como essa Bola de Ouro honorária impactou a imagem de Pelé?
Apesar de já ser considerado o maior jogador da história, o recebimento da Bola de Ouro honorária serviu como reforço oficial de seu legado. O prêmio não alterou sua posição entre os gigantes do futebol, mas adicionou uma camada de reconhecimento que faltava formalmente.
Para novas gerações, a honraria serviu como uma ponte entre a mítica imagem de Pelé e os parâmetros modernos de avaliação de atletas. Além disso, reabriu debates sobre a necessidade de considerar contextos históricos em prêmios esportivos.
Outros jogadores também receberam Bola de Ouro honorária?
Sim. Além de Pelé, outro caso notável é o de Diego Maradona, que também foi agraciado com uma Bola de Ouro honorária em 1995, pelo conjunto de sua obra. Ambos os craques foram excluídos da premiação regular devido às regras iniciais da France Football.
Essas entregas especiais foram pensadas como atos simbólicos e corretivos, reconhecendo que o impacto desses jogadores ultrapassou os limites das regras originais. No caso de Pelé, a magnitude do gesto foi ainda maior, dada a extensão de sua carreira e os números alcançados.
O que esse episódio revela sobre a evolução dos prêmios esportivos?
O reconhecimento póstumo a Pelé evidencia que prêmios esportivos estão em constante revisão. A forma como avaliamos desempenho, contexto e impacto cultural muda com o tempo. Assim, a entrega da Bola de Ouro honorária é também um sinal de maturidade da crítica esportiva.
Hoje, há um entendimento mais amplo sobre a importância de se reconhecer conquistas dentro de seus contextos históricos. E esse aprendizado serve de guia para futuras homenagens, evitando que nomes fundamentais fiquem de fora das principais discussões por meras questões burocráticas.
