Em diversos momentos da história esportiva, atletas tomaram a decisão de recusar prêmios ou honrarias por razões pessoais ou políticas. Essas atitudes refletem o compromisso desses esportistas com suas convicções e a maneira como eles se posicionam em relação a questões sociais, culturais e políticas.

O caso de Tommie Smith e John Carlos: o protesto olímpico de 1968
Um dos exemplos mais emblemáticos de atletas que recusaram uma premiação devido a um posicionamento político ocorreu nas Olimpíadas de 1968, em Ciudad de México. Os corredores Tommie Smith e John Carlos, após conquistarem as medalhas de ouro e bronze nos 200 metros, respectivamente, levantaram o punho fechado durante a cerimônia de premiação em um gesto de protesto contra a discriminação racial nos Estados Unidos. Embora não tenham recusado diretamente as medalhas, o gesto deles se tornou um símbolo de resistência política que impactou o mundo, sendo uma clara manifestação de seus valores pessoais em detrimento das convenções esportivas.
Muhammad Ali: recusa ao título de campeão mundial de boxe por motivos religiosos
Outro exemplo de resistência ao sistema de premiações e títulos ocorreu com Muhammad Ali, um dos maiores nomes do boxe. Em 1967, Ali se recusou a servir no exército dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, citando razões religiosas e políticas. Como consequência, ele foi privado de seu título de campeão mundial de pesos pesados e banido da prática de boxe por alguns anos. Sua recusa foi um ato de coragem, desafiando as normas e a autoridade estabelecida em defesa de suas crenças. Ali recuperou seu título posteriormente, mas a sua recusa inicial se tornou um marco da história não só no esporte, mas também nos movimentos sociais e políticos da época.
Os casos de Colin Kaepernick e a recusa ao status de herói nacional
No futebol americano, o nome de Colin Kaepernick é frequentemente lembrado por sua decisão de se ajoelhar durante o hino nacional dos Estados Unidos como forma de protesto contra a violência policial e a injustiça racial. Embora Kaepernick não tenha recusado uma premiação específica, sua postura gerou grande repercussão e divisões, com muitas pessoas considerando sua atitude como uma recusa implícita ao status de herói nacional, que é muitas vezes associado a títulos e honrarias.
Atletas brasileiros e a recusa de premiações no esporte nacional
No Brasil, também houve atletas que, por convicções pessoais, recusaram prêmios ou honrarias. Zé Roberto, ex-jogador do São Paulo e da Seleção Brasileira, recusou o prêmio de Melhor Jogador do Campeonato Paulista de 2007, pois acreditava que a premiação deveria ser para um companheiro de time, Rogerio Ceni, que, segundo ele, tinha mais méritos naquele ano. Sua atitude refletiu um profundo senso de humildade e integridade no campo.