Após a acusação de racismo, o zagueiro Álvaro González foi absolvido pela Liga Francesa por falta de “provas convincentes” e se posicionou novamente sobre a confusão com Neymar, durante a partida.
Em entrevista à jornalista espanhola Irene Junquera, o zagueiro do Olympique de Marselha reforçou que não cometeu racismo contra o brasileiro e ainda revelou ter sofrido ameaças de morte nesse meio tempo.
“Apareceram mais de duas milhões de mensagens no Whatsapp. Nunca vi nada parecido. Com todo tipo de ameaça, mensagens em outros idiomas”, disse.
“Me enviaram fotos dos carros que utilizávamos, diziam que viriam na minha casa para me matar. Uma vez disseram que iam divulgar a loja onde meus pais trabalham e disseram que iam matá-los”, completou.
Álvaro ainda disse que, por conta das ameaças, seus pais saíram da Espanha e foram para Marselha, na França, ficar junto com o zagueiro, de 30 anos.
O jogador também afirmou que sofreu com as mensagens e declarou que Neymar não sabe a repercussão que ele causa.
“Tive medo porque nunca aconteceu nada parecido e creio que passar da pessoa pública para a pessoa privada, e tudo que a envolve, sua família, é muito complicado. Eu não dormi. Neymar é muito grande. Eu acho que nem ele sabe do que é capaz de fazer”, afirmou.
Ele contou que participou de depoimentos junto com Neymar promovidos pela comissão disciplinar da Liga Francesa de Futebol Profissional (LFP) e reiterou que todas as imagens disponíveis foram analisadas.
Além deles, o quarteto de árbitros também foi ouvido, mas nada foi encontrado. Para Álvaro, o atacante brasileiro entendeu errado algumas palavras.
“Sinceramente, quero entender, tomara que seja isso, que foi um mal-entendido. Não entendeu umas palavras em momento no qual o jogo estava fugindo do controle”, disse antes de completar.
“O jogo estava muito quente, tenso, como em todos os clássicos. Creio que a derrota atingiu eles. Era o meu primeiro clássico, e creio que é preciso aprender a perder”, concluiu.
Neymar afirmou que foi chamado de “mono” (macaco, em espanhol) pelo zagueiro do Olympique de Marselha. A liga, no entanto, entendeu que não houve prova suficiente para uma punição.
Quando perguntado se pensou em parar de jogar, Álvaro revelou que teve vontade de deixar o clube.
“Não cheguei a pensar em deixar o futebol, mas sim deixar o clube. Mas enfrentei tudo em todo o momento. É impossível um racista viver em Marselha. Ele morre”, contou.
“Passava tudo na minha cabeça, queria falar, era um momento muito complicado. Disse ao mister (André Villas-Boas) e ao clube que, se não confiassem em mim e na minha palavra, eu não queria continuar porque quero estar tranquilo. O clube me apoiou. Disse que não precisava de dinheiro, que poderia romper o contrato. Mas vivi em Marselha a melhor fase da minha carreira, e o clube esteve comigo até sair a sentença”, finalizou.
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